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Migrantes: Entre Dificuldades e Desafios, Buscam Oportunidades de Sobrevivência em Moçambique

Nos últimos anos, Moçambique tem se tornado um ponto de atracção para migrantes que buscam melhores condições de vida.

Vindos de diversos países da região, esses indivíduos enfrentam uma série de dificuldades, como a falta de recursos, barreiras culturais e dificuldades em encontrar trabalho.

Apesar das adversidades, a resiliência é uma característica marcante entre os migrantes.

Muitos deles buscam oportunidades em sectores informais da economia, como o comércio e pequenos serviços, criando redes de apoio entre si para superar os desafios diários.

O depoimento que segue é de uma migrante que chegou a Moçambique em 1999, fugindo da guerra em seu país.

“Chama-me Nyonzi Mamanifike, sou de nacionalidade burundesa. Cheguei aqui a fugir da guerra, por causa da guerra do nosso país, por isso cheguei aqui a Moçambique para pedir o refúgio. Naquele tempo, quando eu cheguei aqui, foi viver no campo de refugiado.

O campo de refugiado estava no distrito de Maracuene, em Boboli. Vivi aí no campo desde 1999 até 2003, quando o campo foi fechado, foi transferido, Preferiu ficar aqui em Maputo.

Hoje em dia, a vida está como dos outros. Estou bem, graças a Deus. Nós, os refugiados, exercemos um trabalho de comércio.”

A nossa migrante conta que, no exercício da sua atividade, tem colaborado com o país de acolhimento, dando emprego a jovens nacionais como uma forma de retribuição ao apoio recebido quando mais necessitava.

Acrescenta que, actualmente, está recebendo apoio da Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados e Deslocados (CEMIRDE), que presta assistência jurídica em vários aspectos.

A nossa segunda fonte é de nacionalidade ruandense e chegou a Moçambique em 2009. Atualmente, enfrenta desafios relacionados à aquisição do estatuto de refugiado.

“Eu sou Sêndiou Vandré, de nacionalidade ruandês. Cheguei a Moçambique em 2009, via em Maratane até Maputo. Em Ruanda, trabalhando na Cruz Vermelha Internacional.

Por causa da confusão decidi sair de Ruanda com a família, por essa razão que estou aqui em Moçambique. Desde que cheguei aqui em 2009, passam quase 15 anos que ainda estou a requer asilo. Ainda não consegui o estatuto de refugiado.”.

O representante da área jurídica na CEMIRDE, José Muianga, afirma que os desafios ligados à aquisição do estatuto de refugiado são um dos maiores calcanhares de Aquiles para a estabilidade econômica dos migrantes no país.

Perante os factos, o representante do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Mário Almeida, que, no quadro de sua visita a Moçambique, promoveu um debate sobre a situação dos migrantes no mundo, encorajou a CEMIRDE a continuar a prestar atenção aos refugiados, contribuindo dessa forma para um futuro mais equilibrado.

“Os refugiados e os migrantes normalmente saem por uma questão de necessidade do seu local de origem. Não saem para irem ter uma vida fácil para onde vão ou para irem viver de mão estendida. Pode haver uma pequena porcentagem que vai com essa ilusão da vida fácil ou com a ilusão da mão estendida, mas a maior parte não é esse caso, a maior parte vai com grande energia, com grande determinação para ir buscar meios de subsistência, para melhorar as suas condições de vida e da sua família, e por isso é muito criativo, é muito criativo nas estratégias que busca de procurar meios de subsistência, começar um negócio, começar uma atividade.”

Representante do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Mário Almeida. (x)