DOMINGO DA EPIFANIA
Is 60, 1-6 Ef 4, 2-3.5-6. Mt 2, 1-12
Amados irmãos e Irmãs, paz e bem em Jesus Cristo, que se revela ao mundo.
Hoje estamos a celebrar a Solenidade da Epifania. No Domingo findo, reflectimos sobre a realidade da Sagrada Família de Nazaré, uma família santa, modelo de todas as famílias, mas não isenta de sofrimento, incompreensão e limites. Modelo de santidade, mas sobretudo modelo sublime das famílias actuais, no modo de superar as crises inevitáveis no seu seio, mediante o diálogo. Na Quarta Feira, dia 01 de Janeiro, celebramos a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz, na qual fomos todos exortados pelo Papa Francisco a nos unirmos a todas as vozes que denunciam tantas situações de exploração da terra e de opressão do próximo (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2025).
Ao meditar os textos propostos para celebrar a Solenidade da Epifania, descobrimos o tema da Autorrevelação de Deus. Deus que se autorrevela para salvar toda a humanidade, por isso, decidimos dar um título à nossa reflexão: «A ALEGRIA DA SALVACAO UNIVERSAL DE DEUS». Este tema percorre a liturgia da Palavra de hoje: «As nações caminharão à tua luz. E os reis ao esplendor da tua aurora. Levanta os olhos e vê à tua volta: todos esses se reuniram para vir ao teu encontro […]. Quando vires isto, ficarás radiante de alegria; o teu coração palpitará e se dilatará porque para ti afluirão as riquezas do mar e a ti virão os tesouras das nações» (Is 60, 3-4.5); «Os gentios são admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho» (Ef 3,6); «Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; e, entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no […]. (Mt 2, 10-11).
A Epifania é a manifestação da glória de Deus que supera os limites do povo de Israel para alcançar todos os povos da terra (D. Tettamanzi). Hoje Deus revela-se, manifesta-se a todos os povos, à toda humanidade através do Menino Jesus: Aquela criança é plena de divindade, o Menino é verdadeiramente Deus. Esta afirmação desconcerta os sábios, os grandes, mas é a essência da nossa fé cristã: “Deus fez-se homem”, tomou a nossa condição humana. Deus dá-se a conhecer a todas as nações: “Este menino é Deus”. Deus manifesta-se como salvador universal, salvador de todos os povos. Os magos anunciam ao mundo que O Menino é Deus, mediante os presentes que oferecem: ouro, significa que Jesus é Rei, o incenso, que Jesus é Deus e a mirra que Jesus morrerá pela humanidade inteira (Paixão). Para melhor reflectirmos sobre a mensagem da Liturgia hodierna, gostaria de partilhar convosco quatro ideias fundamentais: a Luz, Alegria, Adoração e atitudes dos magos e de Herodes.
A Luz: os magos pertenciam a um povo que habitava muito longe de Jerusalém e de Belém onde nasceu o salvador. Este era um povo que não acreditava no Deus revelado (gentios, pagãos). Ouviram dizer que naquela cidade e naquele tempo nasceria o Rei dos Judeus, como anunciara o profeta Miqueias: «Mas tu Belém -Efrata, tão pequena entre as famílias de Judá, é de ti que me há-de sair aquele que governará em Israel» (Miq 5, 1). Eles partiram em busca do Messias, do grande Rei que nascera; estes eram especialistas em astrologia, sabiam deixar-se conduzir pelos astros. Descobriram a estrela do Menino nascido: era a luz. Deixaram-se guiar pela luz e encontraram a Deus. Não se perderam! Só tiveram um pequeno tropeço, o de encontrar Herodes: «onde nasceu o Rei dos judeus, vimos a sua luz e viemos adora-lo». Eles procuravam alguém que desse sentido à sua existência. Por isso, caminharam longa distância e encontraram-no: o Deus Menino, o Salvador.
Irmãos e irmãs, esta atitude dos magos, de seguir a luz, é uma chamada de atenção a cada um de nós, quer nos dizer que todos nós devemos continuamente buscar a Deus, porque é o único que dá sentido a nossa vida. Sem Deus a nossa vida não tem sabor, não tem sentido! Quem anda longe da Luz, anda nas trevas e quem anda nas trevas, a sua vida destrói-se, porque na escuridão corremos todo o tipo de risco. Perguntemo-nos irmãos: «eu procuro Deus na minha vida? Qual é o meu empenho em procurar a Luz que é Deus, o Messias?
A Alegria: «Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria, e, entraram em casa, viram o Menino com Maria, sua mãe». Vejam meus irmãos, sentiram imensa alegria. A razão da sua alegria era: a de estar diante do menino, diante de Deus! «Depois de uma longa caminhada, encontramos finalmente o que procurávamos: Deus está connosco!». Como Simeão, podiam dizer:« já podemos morrer em paz. Na nossa vida não falta mais nada: temos tudo»! Pensemos nos apóstolos no monte Tabor: «como é bom estarmos aqui». Meu irmão, qual é a fonte da tua alegria? Sentes alegria de estar com Deus? Nós vemos muitos cristãos católicos que andam tristes, estão sempre tristes! Andam tão tristes como se Deus não existisse em suas vidas! Alguns se aparecerem alegres, é porque tomaram a agua do chefe (água ardente). Meus irmãos, não deixemos que nos roubem a alegria do Evangelho. Os magos sentiram imensa alegria, por estarem junto de Deus. E nós?! Como sentiremos imensa alegria, se não o buscamos? Alegremo-nos sempre no Senhor, Ele é a nossa salvação, a nossa vida!
A Adoração: «Prostrando-se, adoraram-no». Abrindo os cofres ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. Irmãos, os magos adoraram o Deus único e verdadeiro, o Deus de Abrão, de Isaac e de Jacob. E nós? adoramos o Deus único e verdadeiro? Sim, mas alguns irmãos infelizmente adoram Satanás, fazem “Pactos com o Demónio”. Será isto, ouro, mirra e incenso que ofereces a Deus? Adoremos o Senhor, O Menino em Espirito e verdade. Ofereçamos a Deus o nosso coração purificado e convertido.
Atitudes a tomar: Meus irmãos e minhas irmãs, o nascimento de Menino Deus, suscitou nas pessoas duas atitudes totalmente contrastantes: a uns, imensa alegria e a outros, imensa tristeza! Que atitude o nascimento do Menino suscita em mim, em nós? Imitemos a atitude dos magos, meus irmãos; deixaram tudo e sem calcular as dificuldades, foram a procura de Deus, o Messias; Seguiram a estrela, deixaram-se guiar pela Luz que dá vida e Sentiram imensa alegria por terem encontrado o messias, sentido único da sua existência. Não sejamos como Herodes que sentiu imensa tristeza porque tinha medo de perder o poder, quis manter-se no poder causando todo o tipo de males cujo cumulo são o sofrimento e a morte de inocentes, como estamos observar a triste realidade no país irmão de Moçambique e Zimbabwe. Sejamos como o Magos que se deixaram tocar pelo dom da salvação, acreditaram e adoraram-no. Não sejamos como Herodes e os seus especialistas que sabem tudo, porque são grandes especialistas; podem dizer imediatamente onde nasce o Messias: em Belém! Mas não se sentem convidados a ir; para eles é um conhecimento académico, que não diz respeito à sua vida; eles permanecem fora. Podem dar informações, mas a informação não se torna formação da própria vida. Penetraram nos pormenores da Sagrada Escritura, da história da salvação, mas não puderam ver o próprio mistério, o verdadeiro núcleo: que Jesus era realmente Filho de Deus, que Deus trinitário entra na nossa história, num determinado momento histórico, num homem como nós.[1]
Enfim, meus irmãos, a Epifania é uma solenidade missionária, Como os magos saiamos e anunciemos aos outros que Jesus é nossa Luz; sem Ele, caminhamos errantes; Jesus é a nossa alegria, estar com Ele é fonte de felicidade, mas sem Ele, andamos sempre tristes na vida; Jesus é o único Deus a quem devemos adorar e servir, senão, seremos escravos da feitiçaria e do demónio, e nunca viveremos um minuto de felicidade verdadeira. Façamos da Epifania do Senhor, transformar-se em epifania de nós mesmos; que a nossa vida, o nosso ser, o nosso agir sejam a manifestação constante de Deus em nossas vidas para os outros que vivem connosco. Rezemos pela paz em Moçambique! Feliz ano novo a todos.
[1] BENTO XVI, Homilia: Abrir o coração ao mistério: Santa Missa com os membros da Comissão Teológica Internacional, Capela Paulina, 01 de Dezembro de 2009.