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“ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR” (Fl 4,4 )

Partilha da Palavra de Deus do III Domingo de Advento ANO C

I Leitura: Sf 3,14-18a

Depois de nos capítulos anteriores, o profeta Sofonias dirigir ameaças muito fortes, contra diversos povos e contra Jerusalém (Sf 1,2; 3,1ss onde Jerusalém é chamada “cidade rebelde, manchada e opressora”), já na útltima parte do seu escrito, que serve de segunda leitura deste Domingo, Sofonias convida a filha de Sião a alegrar-se: “Rejubila, filha de Sião, solta gritos de alegria, povo de Israel…o Senhor revogou a sentença que te condenava” (3,14-15). Historicamente falando, esta alegria é motivada pelo fim do Exílio e o regresso dos deportados à cidade santa de Jerusalém que neste trecho é chamada “filha de Sião”. A tradição cristã contudo, vê na “filha de Sião” aqui referida, Maria, Mãe de Jesus, a qual com o nascimento de Jesus feito menino, traz ao mundo a verdadeira libertação daí o motivo de alegria que domina as leituras deste Domingo.

 

II leitura: Fl 4,4-7

Como é típico da parte final das Epistolas de S. Paulo, o trecho de Fl 4,4-7 faz parte das exortações conclusivas deste livro, situado mais precisamente depois de exortações particulares, dirigidas a pessoas cujos nomes estão presentes no texto (Evódia, Sintique, entre outros), no v. 4 passa às exortações à toda a comunidade convidando-lhe a cultivar algumas virtudes. É impressionante perceber que embora em Fl 3,18 Paulo fale de alguns que se comportam como inimigos da cruz de Cristo e que esta epístola seja escrita enquanto na prisão, Paulo abre as suas exortações com duplo convite à alegria: “alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos”. Em Lc 10,20 o motivo maior para alegria dos discípulos é saber que os seus nomes estão inscritos no céu, ao passo no nosso texto a alegria é recomendada porque “o Senhor está próximo”(Fil 4,5; Rm 13,12), o que se adequa exactamente com tempo litúrgico de Advento que estamos a viver. Nesta passagem podemos, portanto, resumir as exortações em três: exortação à alegria (v. 4); convite à paciência ou clemência com todos (Fl 4,5; 2Cor 10,1) e, finalmente, o apelo a não se inquietar com coisa alguma, mas a apresentar as preces a Deus (v.6). A paz de Deus aparece como fruto e coroa do compromisso acima exposto.

 

Evangelho: Lc 3,10-18a

Em resposta à pregação de João Baptista, o trecho do Evangelho de hoje apresenta-nos aquilo que nós chamariamos de “questões práticas”. Se à pergunta da multidão sobre o que fazer, a resposta de João é positiva, com o convite à partilha “quem tem duas túnicas reparta com quem não tem”(v. 11), às perguntas das classes profissionais (publicanos e soldados), responde-lhes com o que devem deixar de fazer, portanto a exigência de um verdadeiro de uma conversão profunda, o caminho de deixar aquilo que caracterizava essas classes profissionais, na realidade ou na mente do povo.

Outro elemento digno de nota neste Evangelho, é a humildade de João Baptista que sendo “o maior entre os nascidos de uma mulher” (Mt 11,11), se apresenta como sendo tão pequeno diante do Senhor Jesus a ponto de se achar indigno de desatar a correia das suas sandálias (cfr. Lc 3,16). Sabido que o trabalho de desatar as correias das sandálias era trabalho de um escravo, nesta passagem o Baptista se coloca num nível muito abaixo de um escravo.

Podemos reter como fio condutor da palavra de Deus neste Domingo, o trinómio alegria, esperança e paz no Senhor.