19º Domingo do Tempo Comum – Ano B, 11 de agosto de 24
Considerado por si só, este mandamento a Elias na primeira leitura de hoje é bastante surpreendente. Isto é, falando de Deus. É a primeira vez que ouvimos a voz de Deus depois que o profeta foge de Jezabel, a Rainha, e onde descansa depois da longa viagem.
Cansado com certeza, com fadiga que apenas o descanso eterno podia curar. Concedei-me Senhor o eterno descanso. Bem, o profeta não usou essas palavras exatas. Era uma expressão mais banal, que se encaixava na sua relação com Deus. De facto, também ele, como Moisés, com quem apareceu a Jesus e aos três apóstolos desnorteados no monte da Transfiguração, que celebrámos há dias, podia falar com o Senhor como se fala com um amigo.
Levanta-te e come… Que não é bem a resposta que se espera de Deus para quem quer desistir da obra da sua vida, da sua vocação. Já basta, disse ao Senhor. O Senhor, acordando-o como se fosse um companheiro, um membro da família, sacudindo-o do sono profundo, diz vem, tens de comer alguma coisa.
O Senhor não tocou a sua língua com as brasas do incenso e nem disse: lavabo, que teus lábios sejam limpos, ou algo ritualmente atraente. Não o instruiu a dizer algo dramático. Apenas: Elias, levanta-te e come.
Posso imaginá-lo, levantando-se mal-humorado, descobrindo que não faleceu durante a noite, como tinha pedido na sua oração sincera. O que aconteceu com a experiência de que Deus ouve os justos e responde à sua oração? Mas ele, sendo homem de Deus, obedeceu e comeu.
Então aconteceu novamente, desta vez Deus acrescentando a razão: o caminho que tens a percorrer ainda é longo. A Igreja entrou na onda e emparelhou esta leitura com o salmo responsorial exortando-nos a provar e ver que o Senhor é bom, e todas as menções da palavra “pão” no evangelho. O suficiente para uma grande refeição!
Só que Deus age assim, e, se me permitem a indiscrição, de modo pouco divino. Deus faz isso dizendo ao profeta algo que minha mãe me diria e que eu duvidaria: porquê comer agora, eu nem estou com fome. Deus deu às mães presciência, sabem melhor, fazendo com que admitisse, com o benefício da retrospetiva, “Mamãe tinha razão, eu realmente tinha fome”. Para Deus, fazer o mesmo?
Os profetas comparavam com frequência Deus como mãe. Ou um pai, um pai que pega na criança, abraçando-a calorosamente. e, brincando, erguendo-a no ar. Portanto, talvez não é surpresa para Elias, como pode ser para mim.
Certamente impressiona com a lição de que Deus se relaciona connosco de maneiras muito humanas, tão humanas que sentimos falta d’Ele, porque é demasiado humano e Deus é, bem, Deus é Deus. As próprias Escrituras não nos dizem que Deus é tão diferente de nós, usando palavras como “como o Oriente está do Ocidente”? ” Pensavas que era como tu?” “Diante do Senhor, mil anos são como um dia”? No entanto, aqui Deus é como uma mãe. Coma meu filho!
Uma das primeiras coisas que procuro quando entro numa igreja pela primeira vez é a Mãe e o Menino. Veio-me um novo pensamento à mente quando recentemente me deparei com uma nova imagem da Virgem. O que faz nossa Mãe quando a procuramos em oração? Ela nos mostra Jesus, um bebé. Tão simples como isso.