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EU SOU O PÃO DA VIDA, QUEM VEM A MIM NÃO MAIS TERÁ FOME

Partilha da Palavra de Deus do XVIII Domingo do Tempo Comum ANO B

I Leitura: Ex 16,2-4.12-15
Na primeira leitura deste Domingo, encontramos dois trechos inseridos em Ex 16,1-36, texto mais amplo que poderia se dar o título de “o dom do maná e das codornizes”. Com efeito, depois do protesto contra a sede (Ex 15,24), o povo agora rebela-se contra Moisés e Aarão por causa da fome, mas em última instância, rebela-se contra o próprio Deus, de que os dois homens são servidores e executores das suas ordens.

Em breve tempo, esquecido de todo o sofrimento, o povo exclama: “Quem dera que tivessemos morrido pela mão do Senhor, na terra do Egipto quando estavamos descansado junto da panela de carne”(v.3). A gravidade desta exclamação está na nostalgia do Egipto, idealizado aqui como terra da abundância, resultando disso uma total desvalorização da libertação exôdica desencadeada por Deus. No versículo acima citado, “morrer pela mão de Deus” pode referir-se à morte pelas pragas que tiveram lugar no contexto da intervenção divina para a libertação do seu Povo.

A narração em inclusão com o esquema protesto/carne-pão//protesto-carne-pão (veja-se v.2 e v.12) sublinha a importância que o protesto pela comida tem nesta narração, relegando para um plano inferior a liberdade para qual Deus libertara o seu povo. A par de Nm 11,4 (onde o povo se mostra insatisfeito porque só se alimenta de maná, nem cebola nem alho!), mais do que morte pela fome, o povo parece protestar por todas as condições difíceis do deserto e da viagem, mas com nota dominante e negativa do esquecimento do sofrimento no Egipto e da libertação recebida da parte do Senhor.

II leitura: Ef 4,17.20-24
O trecho de Ef 4,17-24 é uma continuação da II leitura do Domingo passado, no qual S. Paulo convidava os cristãos a trabalhar pela unidade, pois apesar de muitos, nós temos um só Deus e Senhor de todos, uma só fé e uma só esperança. Na mesma perspectiva e na linha da I leitura de hoje, Ef 4,17-24 aparece como um convite a não caminhar como os pagãos mas como pessoas novas. Podemos dizer então que o homem convertido, é convidado a viver “na liberdade dos filhos de Deus” e nunca a ter saudades do seu passado de pecado.

Evangelho: Jo 6,24-35
Depois do “sinal” da multiplicação dos cinco pães e dois peixes que matou a fome de mais de cinco mil pessoas, Jesus sente-se na obrigação de corrigir dois erros: o primeiro, trata-se de dissuadir aqueles que o seguem não porque viram sinais miraculosos mas por terem comido do pão (Jo 6,26); o segundo erro que deve ser corrigido é a preocupação tremendamente interesseira de andar em busca de pão material que apenas mata fome, convidando os seus interlocutores a que “busquem o pão que não perece mas que perdura e dá a vida eterna” (cfr. Jo 6,27,31). Sendo assim, o tema da partilha do pão, que mata fome material e espiritual, o convite a perseverar na “liberdade para a qual Cristo nos libertou”, atravessam a litirgia da palavra do XVIII Domingo do Tempo comum como fio condutor.