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A Voz da Igreja torna-se relevante no debate Público

Premissa
Quero em primeiro lugar agradecer a Deus pelo o Dom que nos dá para estarmos juntos esta manhã.
Em segundo lugar quero agradecera cada um de vós que deixaste tudo para estar presente nesta conferência organizado pela IMBISA. Em terceiro lugar e não menos importante, quero manifestar a minha gratidão ao Secretariado da IMBISA que me convidou a partilhar deste subtema “a Voz da Igreja torna-se relevante no debate Público”, dentro do tema geral. Comunicar a Fé com alegria.

Tenho de afirmar desde início que esta conferência é importante para olhos da Igreja que esta na Africa Austral, no continente africano e na Igreja universal. Neste momento que estamos percorrendo o caminho sinodal. Nós temos o dever de comunicar que está acontecendo nas nossas igrejas. utilizando os meios de comunicação.
Mas também não percamos de vista que as plataformas que utilizamos são meios para transmitir a Palavra de Deus numa forma virtual. Mas o grande encontro é na comunicação interpessoal. O encontro face a face com as pessoas. Esta método de comunicação continuará válido para sempre.

Introdução
Antes de abordar o tema que pediram para desenvolver, a Voz da Igreja torna-se relevante no debate Público, gostaria de revisitar numa forma sintética alguns conceitos básicos da comunicação que ajudarão a minha abordagem e seguir ir tocar alguns pontos que faz com a igreja seja ainda uma voz relevante na sociedade
1. O primeiro conceito é de Marketing que podemos entender como a área que busca identificar e atender as necessidades do público-alvo de uma instituição, seja ela uma empresa ou organização sem fins lucrativos, pois todas elas têm em comum o objetivo de entregar valor a seus stakeholders. Portanto, podemos até ir além e dizer que o marketing não engloba apenas o público consumidor, mas também investidores, colaboradores, fornecedores, parceiros, etc-. Nós como Igreja sabemos fazer um marketing religioso? é certo também que a Igreja não é marketing e nem vive do Marketing.
O Segundo conceito é a Publicidade que tem o foco na comunicação comercial, com o objetivo de vender um produto ou serviço. Nós como igreja sabemos vender ou expor o nosso produto que é a Evangelização? Mas que vender ou expor o nosso produto,
O terceiro conceito é de Propaganda que é uma estratégia de persuasão para fins ideológicos, com o objetivo de promover alguma ideia, princípio, doutrina, causa ou prática. Para isso, ela apela para recursos psicológicos, que mexem com emoções, opiniões e sentimentos, e motiva a ação a partir deles. A igreja não se baseia numa ideologia, estratégias de persuasão. Não recorre a recursos psicológicos que mexem com as emoções, sentimentos. E tampouco estamos para vender ideias.

O quarto conceito é de Audiência. Na teoria de comunicação estudamos que audiência é grupo de indivíduos que têm acesso a um produto mediático. Para nós como igreja o nosso produto é dar a conhecer Jesus o Salvador e ajudar os cristão a viver a sua fé . Este é o nosso foco. Que as pessoas tenham um encontro pessoal com Jesus Cristo.

O quinto conceito é de Opinião Publica.
Geralmente se entende como opinião pública, o resultado do sentimento geral dos cidadãos de uma comunidade ou da maioria de entre eles, mas como uma tendência de opinião sobre um assunto de interesse colectivo que consegue afirmar-se durante um determinado período de tempo como opinião dominante na esfera pública, mais precisamente no espaço mediático, constituindo-se numa importante força de acção política, independentemente da sua coincidência com um sentimento generalizado ou maioritário da população. A Igreja não vive de Opinião Pública.
 Após de fazer um voo de águia dos principais conceitos na comunicação, gostaria de clarificar algumas ideias a partir do tema sugerido.
A igreja não faz debate publico na transmissão da Fé em Jesus Cristo, mas somos testemunha da vivencia da nossa fé. Por que o debate publico é um modelo de contestação baseado na argumentação onde duas, ou mais, ideias conflitantes são defendidas ou criticadas com base em argumentos. É formalmente usado por parlamentares, políticos em geral, cientistas, filósofos, e vários outros. Nós como igreja não podemos cair nesta armadilha.

A Igreja hoje continua com poder moral
Gostaria de explanar partindo do pensamento do discurso de 30 de março de 2006. do Papa Bento XVI que disse: No respeito à “justa autonomia das realidades terrestres”, sem pretender agir como um partido político, a Igreja não pode deixar de ser “uma realidade moral, um poder moral”. A ela cabe o cuidado com o fundamento ético das escolhas políticas; ela deve “ajudar a purificar e lançar luz sobre a aplicação da razão na descoberta dos princípios morais objetivos” Então, uma sociedade que tentasse calar a voz da Igreja no campo moral, social, político. económico e – como extensão da rejeição a Deus – só pode se tornar cada vez mais injusta, desumana, irracional e, no pior dos casos, tirânica”.

A Igreja como força de contradição profética
Não é de hoje que a Igreja derrama o seu sangue por não se dobrar frente à idolatria dos poderes deste mundo, como o Estado, que muitas vezes tenta assumir o lugar de Deus. Os mártires são a mais eloquente memória disso. Mas ainda hoje, e cada vez mais, a Igreja paga um preço altíssimo por se colocar contra a corrente ideológica dominante, contra a “ditadura do relativismo e politico, seja no continente africano e como nos outros continente. Vejamos o caso de Nicarágua, e outros.
 Na igreja há princípios ou valores inegociáveis que não estão submetidos ao critério do gosto ou da vontade da maioria por exemplo dignidade da pessoa.
 A Igreja deve dar o seu “sim crítico que rejeita e purifica o que é mal nos valores pós-modernismo, era da globalização e agora com a inteligência artificial e ajudar a desenvolver o que neles é nobre, bom e justo.

Credibilidade da Igreja.
A Igreja Católica e principalmente a africana que com seu vertiginoso crescimento de crentes deve continuar a aprimorar seus serviços religiosos, sociais e educativos, primando comunicação, pela credibilidade e testemunho. O compromisso principal da Igreja é, em todas as ações, proclamar a Palavra de Deus, fonte perene de valores.
Como bem dizia o cardeal Robert Sarah que “Alguns pedem à Igreja Católica que desempenhe este papel de base sólida. Eles gostariam que ela assumisse uma função social, ou seja, um sistema coerente de valores, uma matriz cultural e estética. Mas a Igreja não tem outra realidade sagrada a oferecer do que sua fé em Jesus, Deus feito homem. A sua única finalidade é tornar possível o encontro dos homens com a pessoa de Jesus. O ensino moral e dogmático, bem como o património místico e litúrgico, são o cenário e o meio deste encontro fundamental e sagrado. A civilização cristã nasce desse encontro. Beleza e cultura são seus frutos”.

A igreja tem o poder de convocação
Apesar dos escândalos que ainda abalam a igreja, podemos afirmar que o seu poder persuadir, de convocar e reunir as pessoas. Vejamos as peregrinações que acontecem em todos os santuários, o evento como jornada Mundial da Juventude-uma marca única no mundo onde os jovens se congregam ultrapassando “os campos de futebol” também apelidados como “as catedrais modernas”. Gostaria de concluir com as palavras de Dom Edson Oriolo é bispo da diocese de Leopoldina que diz “Atuar eclesialmente no universo da comunicação para ajudar as pessoas, de modo particular, a saber a discernir o uso que se faz desse ente, chamado opinião pública, é o desafio que se impõe no momento a todos(as) seguidores(as) de Jesus”

Eu acrescento que a voz da Igreja continua e continuará a ser relevante na sociedade através do testemunho dos crentes na comunicação interpessoal e na utilização correta do meios de comunicação e das plataformas digitais que são apenas meios e não o fim . Nós não podemos ciar numa comunicação de espetáculo da fé onde prima a cultura do ruido, da manipulação psicológica. O nosso objetivo é utilizar os meios técnicos para a evangelização até as zonas recônditas das nossas dioceses onde todavia a radio se escuta com todo prazer.
Senão seremos como o que aconteceu numa capoeira e num curral:
Um homem tinha na sua capoeira muitos animais eno curral tantos outros . um dia na capoeira que estava rodeada de arvores de jacas, cai uma delas e faz um barulho enorme. A galinha que estava mesmo ao lado, ,ouvindo o estrondo começou a correu a gritos dizendo algo estranho vem para nos matar, assim logo que o pato ouviu também começou a correr dando a noticia aos outros animais que estavam em perigos, assim que a noticia chegou no curral, o mesmo aconteceu, todos começaram a fugir mas ninguém sabia ao certo o que estava a acontecer e o porquê fugiam.

Queridos comunicadores que a nossa comunicação não seja como esta estória que acabamos de escutar. Nós temos de comunicar os acontecimentos das nossas igrejas que muitas vezes não são conhecidas e não interessam aos grandes impérios da comunicação. Façamo-lo com a veracidade dos factos. Utilizemos as plataformas digitais, mas não ignoremos o encontro interpessoal e testemunho da vivencia da nossa fé como comunicadores. Somos comunicadores da fé em primeiro lugar.

Muito obrigado, Thank you.

Dom António Constantino
Bispo Auxiliar da Arquidiocese da Beira
Mozambique.