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TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DE DEUS VIVO

Tema: TU ÉS O MESSIAS, O FILHO DE DEUS VIVO.

Caros irmãos em Cristo!
Estamos no XXI Domingo do tempo comum. A liturgia deste Domingo vem para nos ajudar a purificar a nossa consciência, enquanto administradores do Reino dos Céus, por forma a sermos dignos servos de Deus junto dos homens, nossos irmãos. A chave para todo este processo de purificação está, logo, nas primeiras linhas da primeira leitura tirada de Is 22, 19-23. Nestas linhas o Senhor dirigiu-Se a Chebna administrador do palácio do rei e disse-lhe: ” Vou expulsar-te do teu cargo, remover-te do teu posto.” Acredito que, ao ouvir estas palavras Chebna ficou surpreso, porque ele pensava que estava ao serviço do rei Ezequias. E, aos olhos limitados do rei Ezequias, Chebna era um excelente administrador. Convencido de que , diante do rei, ele não tinha nada que merecesse repreensão, ele fazia o que bem desejava; era um bom hipócrita. Chebna não sabia que Ezequias também era um dos servos e não o Senhor. Quando um homem está ao serviço de outro homem, pode usar muitas artimanhas para parecer o que não é. Mas quando se está ao serviço de Deus, nada fica no oculto. Por isso que , Chebna, que não conhecia o seu verdadeiro Senhor fazia tudo o que queria. A situação de Chebna nos interpela profundamente à medida que, muitos de nós, estamos mais atentos aos olhos dos homens que, também, são servos semelhantes a nós.
Em Lc 10, 1-9, Jesus foi muito claro sobre esta matéria ao dizer: ” A colheita é grande mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para a sua colheita.” Colheita que significa messe. Mas afinal, qual era, em concreto, o modo de proceder de Chebna? Para descobrirmos os pecados de Chebna vamos prestar atenção àquilo que lhe seria retirado. Deus disse que tirar-lhe-ia a túnica, a faixa e os poderes; os poderes estão resumidos nas chaves e no trono. Isto, faz-nos acreditar que Chebna estava usando mal a túnica, a faixa e os poderes (chaves e o trono). Como resultado deste mau desempenho, Chebna deixou de se comportar como um pai para os habitantes de Jerusalém. É claramente visível que este assunto nos toca e, de que maneira. E quem é este Helcias que o Senhor escolheu para estar no lugar de Chebna? A resposta a esta pergunta está no que Jesus disse a Pedro no Evangelho de Mt 16,13-20. Disse Jesus a Pedro: ” Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus “. Estas palavras estão sintonizadas com as que o Senhor disse a respeito de Helcias na primeira leitura: ” porei aos seus ombros a chave da casa de David: há-de abrir, sem que ninguém possa fechar; há-de fechar, sem que ninguém possa abrir. Fixa-lo-ei como estaca em lugar firme e ele será um trono de glória para a casa de seu pai.” Está desvendado o mistério da relação que há entre Pedro e Helcias. E, por que razão Pedro, o novo Helcias mereceu este privilégio? Porque ele foi o contrário daquilo que Chebna foi. Pedro, diante da pergunta de Jesus: ” E vós quem dizeis que Eu sou?” Ele respondeu prontamente: ” Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.” Portanto, Pedro revelou, por inspiração do Pai, que ele conhecia quem era o seu verdadeiro Senhor. A resposta de Pedro é a que vem purificar a nossa consciência a respeito d’Aquele para quem nós trabalhamos. Assim, todo o Servo que repete, do fundo do seu coração, as palavras de Pedro, procurará ser fiel a Deus e nunca sujeitar-se aos apetites dos homens. Mas para nós conseguirmos ser servos de Deus, não basta que saibamos que Ele é que é o nosso Senhor. O texto de DT 10, 12- 22 trata deste assunto. Fala da necessidade de temer, de seguir e amar a Deus. Só depois destes pressupostos, é que vem o verbo servir. Isto significa que quem não teme, não segue e não ama o seu Senhor, nunca poderá ser seu servo. Descendo mais ao fundo do problema de Chebna, por que razão a sua expulsão era urgente? Porque este servo estava a comprometer a aliança e a promessa que Deus havia feito ao seu servo David. Como assim? Vejamos que, quem reinava, era Ezequias mas o palácio era chamado casa de David. Pelo que, todos os servos daquela casa, deveriam garantir a realização do pacto e das promessas que Deus havia feito ao seu servo David. Assim sendo, o mau desempenho de Chebna, era um perigo para a realização do plano de Deus. Do mesmo modo, se na Igreja alguém não mostra bom desempenho aos olhos de Deus, terá a mesma sorte que a de Chebna, porque coloca em risco os planos de Deus. Se quisermos dar um golpe de vista, podemos afirmar que Chebna representa a atitude dos ministros do Antigo Testamento enquanto que, Pedro, o novo Helcias, representa os ministros do Novo Testamento. O maior desafio para os ministros do Novo Testamento consiste em não voltar aos mesmos erros cometidos pelos ministros do A.T. a saber: usar mal a túnica, a faixa e os poderes (as chaves e o trono). O clericalismo de que muito se fala, hoje, faz parte destes problemas. Mas para que os ministros do Novo Testamento não se deixem enganar, é importante prestarem atenção ao que diz a segunda leitura, de Rm 11, 33-36. Esta diz assim:” Como é profunda a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus. Como são insondáveis os seus desígnios e incompreensíveis os seus caminhos! Quem conheceu o pensamento do Senhor?” Penso que está tudo dito. Diante desta realidade, devemos estar conscientes que jamais poderemos nos esconder diante de Deus. Chegados até aqui ficamos a saber que, a segunda pergunta que Jesus fez aos seus Apóstolos no Evangelho, tinha por intenção derrubar as barreiras que levaram Chebna ao mau desempenho no seu ministério.
E com relação à primeira pergunta, será que esta também traz algo de muito valor para o nosso ministério? Sim. Examinemos o seu conteúdo: ” Quem dizem os homens que é o Filho do homem? ” A resposta a esta pergunta, é a que nós vai facilitar a adopção de métodos adequados para fazer conhecer Cristo aos nossos ouvintes. Porque, se acreditamos que a missão do administrador do Reino dos Céus é a de fazer conhecer Cristo, Sua pessoa, Sua missão, Seus poderes e Seus ensinamentos, aos nossos irmãos, nada é mais válido que começar por sondar o que é que os nossos ouvintes sabem a respeito d’Ele. Este é o método que se usa, hoje, no processo de ensino/ aprendizagem e denomina-se elaboração conjunta. Este método parte do princípio que aquele a quem queremos transmitir um certo conhecimento, não é tábula rasa, ele sabe alguma coisa. Assim sendo, no processo de avangelização é importante rastrear as mentes do nosso auditório. Se tomarmos a resposta que os apóstolos deram sobre o que dizia o povo, veremos que era um maravilhoso ponto de partida para a evangelização, porque o povo já via em Jesus, enormes semelhanças com João Baptista, Elias, Jeremias e os demais profetas de Deus. Pretender evangelizar a alguém sem, em primeiro lugar, procurar ouvir o que esta pessoa sabe a respeito de Cristo, pode ser um exercício pouco frutífero. O nível de conhecimento dos nossos ouvintes sobre Cristo é que nos facilitará encontrar o melhor caminho para fazer-lhes conhecer Cristo.
Perguntas para reflexão:
1-Será que, não estamos na mesma situação que a de Chebna que pensava que Ezequias era o seu Senhor?
2- Qual é o nível de conhecimento que o nosso povo tem sobre Cristo?
3- Será que, o nosso método de Evangelização, ajuda o nosso povo a ter melhor conhecimento de Deus?
Pe. Altino José Cardoso.