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O discipulado como acto de se cristoformar

REFLEXÃO PARA O 13º DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A

O discipulado como acto de cristoformar

Celestino Victor Mussomar
Teólogo, Leigo, Moçambique
Diocese de Lichinga

No trecho do Evangelho segundo S. Mateus, que a liturgia nos propõe neste Décimo terceiro Domingo do Tempo Comum, Ano A (Mt 10,37-42), Jesus apresenta as características do discipulado onde difine-se discípulo/a quem se cristoforma, ou seja, quem segue na própria vida a Jesus Cristo. Jesus nos ensina a ter o sentido profundo do discipulado e a condição é a conversão. E o amor a Jesus é a base do ser cristão.
O Evangelista Mateus descreve o como Jesus mostra o porquê o discipulado exige uma radicalidade de vida, e só assim, pode ser reconhecido quem é cristão, ou seja, aquele que se cristoforma porque Cristo é a essência do cristianismo. Precisa-se uma conversão a Cristo na própria vida. O encontro com Cristo deve ser uma mudança radical de vida imbuída no amor de Deus que se manifesta através do seu filho Jesus Cristo. O amor a Jesus é incondicional e é prático, é um encontro com Ele. Por isso, a escolha do/a discípulo/a deve ser de tomar a cruz e seguir Jesus fazendo da vida um dom total a Deus e aos homens. O/a discípulo/a deve romper com todos os esquemas, eliminando tudo que é contrário a Boa Notícia e seguir o caminho de Jesus Cristo porque Ele é o caminho a verdade e a vida. A mensagem de Jesus ou a sua missão é de amor. Quantas vezes caímos nos equívocos e não conseguimos ver que a missão de Cristo é a gratuidade e se manifesta na vida concreta onde somos chamados a dar a vida pelos outros? Ser cristão nesta visão é cristoformar-se e procurar ser cada dia Homem Novo, ou seja, o Homem redimido através de Jesus.
A primeira leitura tirada do segundo livro dos Reis (2 Re 4,8-11.14-16ª ) nos mostra que a identidade de quem segue a Deus é inequívoca. O profeta Eliseu passa por Sunan na casa de uma senhora distinta e ela diz ao seu marido que: «Estou convencida de que este homem, que passa frequentemente pela nossa casa, é um santo homem de Deus. Mandemos-lhe fazer no terraço um pequeno quarto com paredes de tijolo, com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada. Quando ele vier a nossa casa, poderá lá ficar».
A segunda leitura de São Paulo aos Romanos (Rom 6,3-4. 8-11) mostra-nos mais uma vez que o discipulado exíge o cristoformar-se. O cristão morre com Cristo e com Ele ressuscita. Para um cristão viver é Cristo e morrer é Cristo. São Paulo afirma: «considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus.». A necessidade da performaticidade da vida do Cristão é fundamental e é nesta lógica que o Papa Francisco na Evangelii Gaudium afirma: «O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária. Se uma pessoa não O descobre presente no coração mesmo da entrega missionária, depressa perde o entusiasmo e deixa de estar segura do que transmite, faltam-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada, não convence ninguém.» (EG, 266).