Joy of the Gospel

Aprendei de Mim: manso e humilde de coração

Aprendei de Mim: manso e humilde de coração
Deus dá-nos a certeza que Ele se revela na simplicidade e na pequenez evangélica e nao na prepotência e na arrogância. Aprendemos de Jesus a ser manso e humilde de coração.
E as revelaste aos pequeninos
A pregação de Jesus sobre o reino suscita diversas reações: da uma parte, a indiferença, fruto do orgulho humano, como foi o caso dos habitantes de Corazim, Betsaida e Cafarnaum, mas também dos fariseus, os escribas e os sumos sacerdotes; da outra parte, o acolhimento, como o caso do pobres, humildes e marginalizados. A estes foram revelados os mistérios do Reino e sábios e inteligentes os foram escondidos. Jesus louva a simplicidade e a humildade. E apresenta-se como modelo da simplicidade mas sobretudo da mansidão e humildade: “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”.
Num primeiro momento, Jesus dirige-se ao Pai numa oração de louvor e de ação de graças. Nela Ele revela que o seu sentimento mais profundo é o da gratidão ao Pai: “Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,”. Chama-O Pai e alegra-se com a sua predileção pelos pequeninos e de que a eles sejam reveladas as coisas mais profundas: “porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos”.
As verdades do reino foram escondidas aos sábios e inteligentes. Estes fecham-se ao mistério do Reino. Eles não estão abertos à novidade da revelação divina; Deus não deixa de se manifestar, mas eles pensam que já sabem tudo. Jesus não rejeita a sabedoria e a inteligência, nem está de modo algum a exortar-nos à baixa autoestima ou ao menosprezo das nossas capacidades e qualidades. Pelo contrário, desafia-nos a colocar as nossas capacidades e qualidades ao serviço do Reino, cultivando no nosso coração a verdadeira sabedoria e inteligência que não se traduz na acumulação de muitos conhecimentos, mas na sublime arte de colocar em prática aquilo que aprendemos na alegria nova que apenas o serviço por amor nos pode oferecer.
Para Jesus, as verdades do Reino são reveladas aos pequeninos. Os “pequeninos” podem ser os “pobres”, aos quais é anunciado o Evangelho, ou os “humildes”, ou seja, os que ouvem e acolhem a Palavra. Os simples e os pequeninos são receptivos: são como uma esponja que absorve a água e têm capacidade de surpresa e de admiração. Eles têm um coração aberto à Deus e às suas propostas; se sintonizam com Deus para fazer uma experiência profunda e íntima de Deus.
Eles aceitam Jesus e o seguem porque Ele é o Filho e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Porque é Ele que conhece o Pai pois “ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. São eles que conhecem Deus e Jesus e vivem numa relação e comunhão íntima. Os pequeninos vêm identificados como os mansos e humildes e nao com os orgulhosos que nao estão disponíveis para acolher Deus e os seus valores e para arriscar nos desafios do “Reino”.
Os pequeninos são os discípulos que aprendem de Jesus a ser manso e humilde de coração. Eles respondem positivamente ao convite de Jesus: “Vinde a Mim”. Metem-se no caminho do discipulado para aprenderem e viverem segundo o seu coração que é uma escola da arte de amar. De fato, Ele diz claramente “aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração”. Mansidão e humildade serão caminhos seguros para acolher a grandeza e a força do Reino de Deus. Deste modo, como discípulos somos chamados a afinar o nosso coração com o coração do Mestre, para que também as nossas vidas se tornem lugar de anúncio da beleza do amor de Deus e se constituam como lugares de acolhimento, disponibilidade e conforto para quantos caminham cansados e atribulados os trilhos da história.
O discípulo missionário é, segundo o Papa Francisco, aquele que é humilde e imita a humildade do Mestre. Para o Santo Padre, Jesus “dirige-se aos humildes, aos pequenos e aos pobres porque Ele mesmo se fez pobre e humilde. E para aprender, em primeiro lugar, é preciso ser humilde e reconhecer a própria ignorância e soberba, que nos levam a pensar que podemos fazer tudo sozinhos, com as nossas próprias forças. É necessário ter os ouvidos abertos às Palavras do Mestre. É assim que se aprende o seu coração, o seu amor, o seu modo de pensar, de ver e de agir. É preciso ter coragem para estar perto dele e para o imitar.”

P. Osório Citora, IMC