Como Manter os Jovens na Igreja?
Salvador Forquilha
A partir do final da segunda guerra mundial, observa-se uma tendência do declínio da influência do fenómeno religioso na esfera pública, acompanhado pela perda progressiva da prática religiosa na maioria dos cidadãos, particularmente em contextos de países industrializados. Essa tendência chama-se secularização, que surge, sobretudo, como consequência do que se pode chamar fenómeno da modernização caracterizado, essencialmente, por:
• Educação de massas;
• Crescimento das taxas de alfabetização;
• Urbanização;
• Desenvolvimento económico;
• Proliferação de pluralismo;
• Crescimento da importância das instituições políticas e sociais modernas e seculares; • Avanços na ciência e tecnologia
A pouco e pouco, essa onda de secularização foi atingindo igualmente países em vias de desenvolvimento, incluindo países africanos, com destaque para contextos urbanos, tendo como grande factor impulsionador – as tecnologias de comunicação e informação. Tudo isso, obviamente, tem tido consequências visíveis para a vida da Igreja.
Uma das consequências desse fenómeno da secularização é também o facto de haver pessoas, particularmente jovens, que, cada vez menos, frequentam a Igreja. Em contextos como nossos, nomeadamente nossos países, cidades, dioceses, paroquias da região da África austral, temos cada vez mais adolescentes, jovens, que frequentam a catequese, são baptizados e, outros até,
crismados… mas algum tempo depois, dificilmente voltam a pôr os pés na Igreja. Porquê os jovens abandonam a Igreja? O que esses jovens baptizados, em alguns casos até vindos de famílias tradicionalmente católicas, procuram fora da Igreja Católica? Como a Igreja olha para este fenómeno? Enfim… Como manter os jovens na Igreja? Este é o tema que me foi sugerido para falar na sessão do webinar de hoje.
Como podem reparar, o tema é demasiado vasto e complexo. Por isso, mais do que oferecer respostas à pergunta com “receitas prontas”, o meu propósito nesta sessão é procurar trazer subsídios que nos permitam reflectir sobre o que a Igreja oferece aos jovens e como ela encara e responde às inquietações da juventude na nossa região da Africa austral, nos nossos respectivos países, dioceses, paróquias, enfim nas nossas famílias cristãs.
Para isso, procurei estruturar a minha intervenção em três pontos fundamentais.
No primeiro ponto, irei focalizar a minha atenção em algumas notas preliminares. Aqui o meu interesse é trazer alguns elementos, que mostram como a questão dos jovens tem sido tratada ao longo da Sagrada Escritura e no Ensinamento Social da Igreja;
No segundo ponto, procurarei focalizar a minha atenção no contexto em que a juventude vive em Africa em geral e, de uma forma particular, na região da Africa austral. Trata-se de trazer elementos do contexto social, económico e político no qual os jovens vivem, incluindo os jovens católicos e que, muitas vezes, condiciona a sua atitude em relação à Igreja;
Finalmente, no terceiro e último ponto da minha intervenção, com base nos elementos do contexto apresentados no ponto anterior, irei focalizar a minha atenção na Igreja e inquietações da juventude. Trata-se de me interrogar sobre o que a Igreja pode oferecer aos jovens num contexto marcado por enormes desafios sociais, económicos e políticos que afectam particularmente a juventude.
Deixem-me começar pelo primeiro ponto – Algumas notas preliminares.
Algumas notas preliminares
No Antigo Testamento, vemos alguns jovens como figuras importantes no projecto salvífico de Deus. Por exemplo, Samuel é uma destas figuras – um jovem que ouviu o chamado de Deus.
No primeiro livro de Samuel, pode-se ler:
“O jovem Samuel servia, pois, a Iahweh na presença de Eli; (…) Veio Yahweh e ficou ali presente. Chamou como das outras vezes: ‘Samuel! Samuel!’ e Samuel respondeu:
“Fala que teu servo ouve” (I Samuel, 3, 1 – 10).
Outras figuras tais como Saúl (1 Samuel, 9, 2) ou ainda David (1 Samuel, 16, 6 – 13) eram jovens que souberam escutar a voz do Senhor e puseram-se ao serviço do projecto de Yahweh.
No Novo Testamento, encontramos muitas passagens onde a referência ao mais novo, ao jovem nos remete à ideia da mudança, do arrependimento, da busca de um novo sentido para a vida. É nessa perspectiva, por exemplo, que aponta a parábola do filho pródigo, na qual, o filho mais novo, depois de ter desperdiçado a fortuna que lhe cabia, caiu no sofrimento e, tendo-se arrependido, disse:
“Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me com um dos teus empregados.
Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai” (cf. Lucas 15, 11 – 31).
Na mesma linha, vai a ideia do abandono do “velho” para se revestir do “novo”:
“Vós vos desvestistes do homem velho com as suas práticas e vos revestistes do novo, que se renova para o conhecimento segundo a imagem do seu Criador” (Colossenses 3, 9 – 10).
E como é que a questão dos jovens aparece no Ensinamento Social da Igreja?
Desde o Concílio Vaticano II, particularmente, com a Constituição Pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo deste tempo, os jovens, a juventude, constituem uma das questões importantes no ensinamento social da Igreja (Santa Sé, 1965a). Com efeito, a reflexão sobre os jovens aparece não só em mensagens de Sumo Pontífices dirigidas directamente aos jovens (como, por exemplo, a mensagem do Papa Paulo VI na conclusão do Concilio Vaticano II, em Dezembro de 1965, ou ainda a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit do Papa Francisco, publicada em 2019), mas também em inúmeras intervenções que têm sido feitas, sobretudo, por ocasião das jornadas mundiais da juventude, institucionalizadas na Igreja pelo Papa João Paulo II, em 1985.
No final do Concilio Vaticano II, o Papa Paulo VI, dizia aos jovens:
“É finalmente a vós, rapazes e raparigas de todo o mundo, que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem – pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de amanhã (…) A Igreja deseja que esta sociedade que vós ides constituir respeite a dignidade, a liberdade, o direito das pessoas: e estas pessoas, sois vós” (Santa Sé, 1965b:1).
Portanto, a Igreja deseja que se respeite a dignidade, a liberdade, o direito dos jovens…
Na minha opinião, as palavras conclusivas do Papa Francisco na sua Exortação Apostólica PósSinodal Christus Vivit resumem, em grande medida, a maneira como a Igreja olha para a juventude. A este este propósito, o Papa Francisco diz:
“Queridos jovens, ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que os lentos e medrosos. Correi «atraídos por aquele Rosto tão amado, que adoramos na sagrada Eucaristia e reconhecemos na carne do irmão que sofre. O Espírito Santo vos impulsione nesta corrida para a frente. A Igreja precisa do vosso ímpeto, das vossas intuições, da vossa fé. Nós temos necessidade disto! E quando chegardes aonde nós ainda não chegamos, tende a paciência de esperar por nós” (Santa Sé, 2019: nr.299).
Mas, quando a Igreja fala de jovens, fala para os jovens, não se trata de jovens que vivem num vazio! Trata-se, isso sim, de jovens que vivem em contextos sociais, económicos, políticos e culturais concretos com suas particularidades, especificidades e, acima de tudo, com seus desafios. E não há como querer, desejar que os jovens fiquem na Igreja sem conhecer os contextos sociais, económicos, políticos e culturais em que esses mesmos jovens vivem e que, em grande medida, condicionam a sua permanência ou não na Igreja nos dias de hoje. Chegados aqui, a pergunta seria: Qual é o contexto social, económico e político em que vivem os nossos jovens católicos da região da IMBISA? Isso leva-me ao segundo ponto da minha intervenção – O contexto da África Austral
O contexto da África Austral
A África Austral é uma região marcada pelo fim tardio de regimes coloniais. Com efeito, enquanto a maioria dos países africanos alcançou as suas independências nos anos 1960, nomeadamente as antigas colónias britânicas e francesas, alguns países na África austral alcançaram as suas independências em meados dos anos 1970 (Moçambique e Angola), nos anos 1980 (Zimbabwe) e nos anos 1990 (Namíbia e África do Sul). O fim tardio de regimes coloniais e o facto de a região ter conhecido governos de minorias brancas (na antiga Rodésia e na África do Sul durante o regime do Apartheid) – estes dois aspectos – jogaram um papel importante no surgimento e desenvolvimento de conflitos violentos. Neste contexto, nos anos 1980, a região da África austral foi palco de guerras devastadoras, que cristalizavam não só problemas internos dos países afectados, como também a correlação de forças no contexto da guerra fria.
Sob ponto de vista político, a região é caracterizada pela existência dos chamados “partidos libertadores” – aqueles que trouxeram as independências nos respectivos países por via das armas ou por via da contestação não violenta de reivindicação do direito de autodeterminação (Matsimbe, 2017). Alguns dos exemplos desses partidos libertadores são: O ANC na África do Sul; O BDP no Botswana; A Frelimo em Moçambique; A ZANU- FP no Zimbabwe; O MPLA em Angola; A SWAPO na Namíbia; O UNIP na Zâmbia; O MCP no Malawi; O CCM na Tanzânia
Com a excepção da Zambia e do Malawi, os outros países na região ainda não conheceram a alternância política desde as independências e possuem uma “geração de políticos envelhecidos”, que, claramente, entra em choques com as gerações mais jovens, em alguns casos, sedentas de ver mudanças. Em muitos países da região, as promessas trazidas pelas independências relativamente ao melhoramento das condições de vida, particularmente dos grupos sociais mais desfavorecidos, com destaque para jovens, estão longe de serem materializadas. Pelo contrário, ao longo dos anos muitos países da região viram aumentar as desigualdades sociais, o fosso entre os que têm muito (geralmente as elites políticas e seus familiares) e os que não têm absolutamente nada para viver uma vida com dignidade, que constituem a maioria.
No início dos anos 1990, muitos países da região embarracaram em reformas políticas visando a instauração de regimes democráticos. Todavia, quase trinta anos depois as promessas da democratização, à semelhança das promessas das independências, também estão longe de serem materializadas. Há até países como Moçambique, Angola ou ainda Zimbabwe, que nos últimos anos têm descido na classificação do índice da democracia, tendo passado de regimes híbridos para regimes autoritários… conforme mostra a tabela 1 referente ao período de 2019 – 2022.
Tabela 1 – Índice da Democracia (2019 – 2022)
País 2022 2021 2020 2019 Tipo de Regime
África do Sul 7.05 7.05 7.24 7.24 Democracia incompleta
Namíbia 6.52 6.52 6.52 6.52 Democracia incompleta
Botswana 7.73 7.73 7.62 7.81 Democracia incompleta
Moçambique 3.51 3.51 3.51 3.65 Regime autoritário
Zimbabwe 2.92 2.92 3.16 3.16 Regime autoritário
Angola 3.96 3.37 3.66 3.72 Regime autoritário
Zâmbia 5.80 5.72 4.86 5.09 Regime híbrido
Malawi 5.91 5.74 5.50 5.49 Regime híbrido
Maurícias 8.14 8.08 8.14 8.22 Democracia plena
Eswatini 3.01 3.08 3.08 3.14 Regime autoritário
Lesoto 6.19 6.30 6.30 6.14 Regime híbrido
Fonte: (The Economist, 2023)
Ademais, muitos países da região são caracterizados por altos índices de corrupção, com impactos significativos na deterioração da vida dos cidadãos, elevando para níveis altos as taxas de desemprego, afectando seriamente a população economicamente activa, constituída maioritariamente por jovens.
Tabela 2 – Índice da Percepção da Corrupção 2022
País Pontuação Posição Mudança na posição
África do Sul 43/100 72/180 – 1
Namíbia 49/100 52/180 0
Botswana 60/100 35/180 +5
Moçambique 26/100 142/180 0
Zimbabwe 23/100 157/180 0
Angola 33/100 116/180 +4
Zâmbia 33/100 116/180 0
Malawi 34/100 110/180 -1
Maurícias 50/100 57/180 -4
Eswatini 30/100 130/180 -2
Lesoto 37/100 99/180 -1
Fonte: (Transparency International, 2023)
Neste contexto, muitos jovens não conseguem obter condições materiais, económicas e financeiras que os permita satisfazer as suas expectativas e cumprir com as suas obrigações sociais e aceder, assim, ao estatuto social de “adulto”. Na literatura das ciências sociais sobre a juventude, o conceito que capta de uma maneira interessante essa situação, em que muitos jovens em nossos contextos vivem, é o conceito de “idade de espera”, conhecido em inglês como waithood…Autoras como Dianne Singerman com os seus estudos sobre o casamento e a crise do desemprego no Médio Oriente ou ainda Alcinda Honwana nos seus trabalhos sobre a juventude em África discutem e usam bastante o conceito de waithood. Mas, afinal, o que é waithood? Na perspectiva de Alcinda Honwana, waithood é “o prolongado período de suspensão em que o acesso dos jovens à vida social adulta é adiado ou negado” (Honwana,
2014: 401). No dizer de Alcinda Honwana, “ainda que possam ser considerados adultos do ponto de vista da sua idade cronológica, estes jovens continuam dependentes do ponto de vista social, pois ainda não alcançaram plenamente os requisitos que lhes permitem as responsabilidades da vida de adulto, ou seja, ter emprego ou formas de sustento estável, ser independente, ter recursos para criar e providenciar para a sua família e ser capaz de contribuir para o bem social comum pagando impostos” (Honwana, 2014: 401).
De facto, no contexto dos nossos países da região da África Austral, muitos jovens vivem nesse estado de “longa espera”, sem condições de poder aceder à vida social de um adulto… sem condições mínimas para ter uma fonte de renda decente, que lhe permita uma independência financeira para garantir uma habitação condigna, a constituição de uma família e o cumprimento de outras obrigações, enquanto cidadão.
Neste contexto, marcado por enormes desafios, sociais, económicos e políticos, que afectam o dia-a-dia dos jovens, manter os jovens na Igreja exige que a própria Igreja esteja atenta e responda às inquietações da juventude. De facto, parece-me que não há como manter os jovens na Igreja, enquanto a Igreja não estiver atenta aos desafios actuais da juventude; enquanto a Igreja passar completamente ao lado dos problemas sociais, económicos e politicos que a juventude enfrenta no seu dia-a-dia. Não há como manter os jovens na Igreja, enquanto os próprios jovens tiverem a percepção de que a Igreja não se preocupa com os seus problemas, não se preocupa com a sua condição de waithood; Não há como manter os jovens na Igreja, enquanto os jovens não se sentirem acolhidos pela Igreja; enquanto se sentirem constantemente julgados, rejeitados pela Igreja. Isso leva-me ao terceiro e último ponto da minha intervenção – Igreja e inquietações da juventude.
Igreja e inquietações da juventude
A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concilio Vaticano II, mostra sem equívocos a preocupação da Igreja em abrir-se para o mundo e o tempo de hoje; a preocupação de caminhar na história conjuntamente com a humanidade, procurando discernir os sinais do tempo à luz do Espírito Santo. A Igreja que sai do Concilio Vaticano II é uma Igreja preocupada com os grandes desafios que o mundo enfrenta hoje… Não se trata de uma Igreja que se fecha em si mesma, nas suas instituições e dá costas aos problemas da humanidade… antes, pelo contrário, a Igreja que sai do Concilio Vaticano II é uma Igreja solícita ao respeito pela dignidade da pessoa humana… a pessoa humana em todas as suas dimensões: espiritual, social, económica, política, cultural. O que é interessante nesse sentido (e o Papa Francisco recorda-nos na sua Exortação Apostólica Christus Vivit), a Igreja surge como a verdadeira juventude do mundo.
Nas palavras do Papa Francisco:
“O Concílio Vaticano II afirmava que, «rica de um longo passado sempre vivo, e caminhando para a perfeição humana no tempo e para os destinos últimos da história e da vida, ela [a Igreja] é a verdadeira juventude do mundo” (Santa Sé, 2019: nr.34).
Na linha do Concilio Vaticano II, a Igreja não deve ficar alheia aos problemas dos jovens, aos desafios que os jovens enfrentam no mundo actual. Falando de uma Igreja atenta aos sinais dos tempos, o Papa Francisco na sua Exortação Apostólica Christus Vivit escreve:
“Enquanto Deus, a religião e a Igreja não passam de palavras vazias para numerosos jovens, os mesmos mostram-se sensíveis à figura de Jesus, quando ela é apresentada de modo atraente e eficaz».[14] Por isso é necessário que a Igreja não esteja demasiado debruçada sobre si mesma, mas procure sobretudo refletir Jesus Cristo. Isto implica reconhecer humildemente que algumas coisas concretas devem mudar e, para isso, precisa de recolher também a visão e mesmo as críticas dos jovens” (Santa Sé, 2019: nr.39).
Isso implica que a pastoral juvenil precisa de ser uma pastoral que vá, cada vez mais, ao encontro dos jovens; ao encontro das suas inquietações, problemas, desafios; uma pastoral que mostra uma Igreja que vai ao encontro dos jovens, que caminha com os jovens… Ir ao encontro dos jovens à maneira do Cristo Ressuscitado que vai ao encontro dos discípulos de Emaus e mostra interesse, preocupa-se com eles. No texto sobre os discípulos de Emaus, S. Lucas escreve:
“(…) Enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus aproximou-se e pôsse a caminhar com eles; seus olhos, porém, estavam impedidos de reconhecê-Lo. Ele lhes disse: ‘Que palavras são essas que trocais enquanto ides caminhando?’” (Lucas, 24, 15 – 17).
Manter os jovens na Igreja requer que a Igreja caminhe com os jovens; se preocupe com os jovens, escute as suas inquietações, procurando, à luz do Espírito Santo, discernir os sinais dos tempos. Gostaria de terminar esta minha intervenção com as palavras do Papa Francisco (novamente) na sua Exortação Apostólica Christus Vivit. Nos números 65 e 66, o papa diz o seguinte:
“O Sínodo reconheceu que os fiéis da Igreja nem sempre têm o comportamento de Jesus. Em vez de nos dispormos a escutá-los profundamente, «prevalece a tendência de fornecer respostas pré-fabricadas e receitas prontas, sem deixar assomar as perguntas juvenis na sua novidade e captar a sua interpelação».[24]Mas, quando a Igreja abandona esquemas rígidos e se abre à escuta pronta e atenta dos jovens, esta empatia enriquecea, porque «permite que os jovens deem a sua colaboração à comunidade, ajudando-a a individuar novas sensibilidades e colocar- se perguntas inéditas».[25] Hoje nós, adultos, corremos o risco de fazer uma lista de desastres, de defeitos da juventude atual. Alguns poderão aplaudir-nos, porque parecemos especialistas em encontrar aspetos negativos e perigos. Mas, qual seria o resultado deste comportamento? Uma distância sempre maior, menos proximidade, menos ajuda mútua” (Santa Sé, 2019: nr.65 & 66).
Referências
Honwana, A. (2014) Juventude, waithood e protestos sociais em África. In: Desafios para Moçambique 2014. Maputo, IESE. pp. 399–412.
Matsimbe, Z. (2017) Partidos Libertadores em África. Reflexão sobre os desafios para Moçambique. In: Maputo, IESE. pp. 62–79.
Santa Sé (2019) Christus Vivit. Vaticano, Santa Sé.
Santa Sé (1965a) Constituição Pastoral Gaudium et Spes. Vaticano, Santa Sé. Disponível em https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vatii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html.
Santa Sé (1965b) Mensagem do Papa Paulo VI na conclusão do Concílio Vaticano II aos Jovens. Vaticano. Disponível em https://www.vatican.va/content/paulvi/pt/speeches/1965/documents/hf_p-vi_spe_19651208_epilogo-concilio-giovani.html.
The Economist (2023) Democracy Index 2022. London, New York and Hong Kong, The Economist Intelligence Unity. Disponível em https://www.eiu.com/n/campaigns/democracyindex-2022/.
Transparency International (2023) Corruption Perceptions Index 2022. Transparency International. Disponível em https://www.transparency.org/en/cpi/2022.