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Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação

ANO C – III DOMINGO – TEMPO DE QUARESMA

Lc 13, 1-9

Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo

A liturgia deste III Domingo da Quaresma, apresenta-nos Deus único, o Deus fiel no seu amor por nós, que não querendo o nosso sofrimento, coloca em jogo toda a sua própria essência, para que possamos retornar a via da justiça ou a recta via.

A passagem de I leitura, hoje, narra-nos a vocação de Moisés. Deus chama-o e confia a grande missão de libertar o seu povo – “Conheço, pois, as suas angústias. Desci para o libertar das mãos dos egípcios”. – E assim revela-lhe o seu nome: “Eu sou ‘Aquele que sou’… Assim falarás aos filhos de Israel: O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós”.

Deus é, é o ‘Deus Vivo’ e  fonte da vida. Ao contrário de quantos – antes e agora – são tidos como “deusesinhos”, somente Ele é, o Deus que tem na sua glória o homem ou melhor a vida do homem, e se preocupa com o lamento do seu povo, estava, está e estará sempre como o povo, portanto, um passado que se transforma em experiência de vida.

Esta esperiência do povo de Israel, mesmo com inúmeros frutos, é marcada pela falta de fidelidade, como é normal nos humanos. Paulo dirá que a maior parte dos “nossos pais não agradou a Deus, mas esta infidelidade não passou despecebida ao juizo do Senhor. E “Tudo isto… foi escrito para nos advertir…” Para pertencer ao povo de Deus, ou seja, ser cristão, e receber sacramentos são passos, degraus, em direção a Deus, mas não é a “garantia” mágica da salvação.

Há necessidade de fidelidade e vigilância constante: “quem julga estar de pé tome cuidado para não cair”. A lembrança do passado ajuda-nos a saber como agir, como vivemos e como respondemos a generosidade de Deus hoje no nosso viver.

Ainda na esteira da memoria do passado, Jesus vai além e reclama forte e peremptoriamente a necessidade da conversão e vigilância. Tomado como exemplo os dois trágicos incidentes, Ele se coloca contra a concepção de que a desgraça é causa do pecado, por isso, as vítimas seriam mais pecadores do que os outros: “Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não…”.

Jesus distancia-se imediatamente desta concepção. Para Ele, o pecado não é centro da história nem o eixo em torno do qual o mundo gira. Deus não disperdiça a sua eternidade nem mesmo a sua omnipotência com castigos, Ele que é lento para a ira e rico em misericordia, combate aa nossa frente contra o mal. Ele é a mão viva que faz retornar a vida. Pelo facto, o Senhor acrescenta: “se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo”. Conversão é a mudança da via da barca, pois se ela continua em frente, se embaterá contra as rochas. Jesus queria dizer “amai-vos”, senão acabareis por destruir-vos uns aos outros.

Então, envolvidos pessoalmente nos factos que acontecem, o apelo de Jesus para nós é que, reconheçamos neles, mesmos os facto mais graves ou tristes, sinal que Deus nos oferece para nossa conversão verdadeira. Significa não apenas a crença superficial de que a desgraça é efeito do pecado, mas transformar profundamente o nosso coração. Por exemplo, se morre uma pessoa, essa morte, não me faz questionar a minha existência, não será um sinal de me dá mais uma oprtunidade para minha conversão e não para adiar mais essa mudança?

Diante de factos desconcertantes, como as guerras que vivemos hoje, é fácil emitir juízos e fazer análises. Mas na verdade deveriamos questionar: como homens, quando seremos verdadeiramente homanos, isto é, antes mesmo de ser cristãos? Qual e a nossa comparticipação nessas guerras? Será que não somos em nada responsáveis por elas?

Saibam carissimos irmãos, se não nos tornamos construtores da paz e da justiça, esta terra será destruída porque não se poderá suportar sobre a violência e a injustiça. Todo o mundo deve mudar de direcção: nas relações, na política, na economia, na ecologia. Caso contrário será a auto-destruição…

Jesus reforça o seu apelo à conversão na parábola da figueira estéril, a qual se dá o último laço de tempo para produzir furto ou será cortada totalmente. A mensagem da parábola é clara, a figueira és tu homem, és tu mulher: “Enquanto ainda é tempo, converte-te”, isto é, pare de voltar as costas a Deus e sua Vontade, volta para Ele o teu coração.

S. Cipriano, exorta a conversão dizendo: tens muito o que pensar: pensa no paraíso, onde Cain não pôde voltar por ter morto o irmão, por inveja. Pensa no reino dos céus, ao qual o Senhor aceita somente os que vivem em concordia e união. Pensa que somente se podem dizer filhos de Deus os que vivem na paz… Pensa que estamos sob o olhar atento de Deus e que Ele vê justifica o nosso comportamento e toda a nossa vida… Que o Senhor ilumina as nossas acções e que a exemplo de Maria, sua mãe, podemos, não apenas, escutar, mas também fazer cont«creta na nossa vida a sua Palavra de Salvação.

Caríssimos, eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação! Deixemo-nos reconciliar com Deus em Cristo! Convertamo-nos!