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III Domingo de Páscoa, 14 de Abril de 2024

Caríssimos irmãos e irmãs, o Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia.

Estamos a celebrar hoje o III Domingo de Páscoa, o também designado por mim como o domingo das testemunhas da ressurreição do Senhor.

A primeira leitura tirada dos Actos dos Apóstolos (Act 3,13-15.17-19), mostra-nos a coragem de Pedro que se apresenta como a testemunha da Ressurreição de Cristo Jesus. Pedro depois de algumas incertezas e dúvidas daquilo que foi escutando de Cristo, as aparições do Ressuscitado ajudaram bastante na compreensão de tudo que ao longo de três anos da vida pública de Jesus, viveu e aprendeu. A fé da Igreja vem dos Apóstolos, que são as testemunhas vivas, aqueles que andaram, comeram, beberam e aprenderam com o Mestre. É interessante que os soldados que guardavam o sepulcro perderam o privilégio, o direito de serem testemunhas da Ressurreição de Cristo, exactamente porque espalharam na cidade uma notícia falsa, dizendo que, enquanto dormiam vieram os discípulos de Jesus e roubaram o seu corpo (Mt 28, 13). Como é possível, eles sendo guardas estariam a dormir, sem ouvir o barulho da pedra tão grande retirada do sepulcro? E, desde quando é que um guarda dorme? A soma avultada de dinheiro que receberam (Mt 28, 12), fez-lhes perder a cabeça, pois, eles viram tudo que tinha acontecido, Jesus saindo do sepulcro (Mt 28, 11). Infelizmente, até aos nossos dias há boateiros, falsos e espalhadores de mentiras como esses soldados.

Pedro sendo a testemunha fiel e verdadeira da Ressurreição de Cristo, esclarece ao povo a identidade do Messias que ele chama de, o Servo, o Justo, o Autor da vida, o Filho de Deus que vós matastes, preferindo a soltura de um assassino. Mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos testemunhas disso. Por isso Pedro pede ao povo para que se arrependa e se converta, a fim de que seus pecados sejam perdoados. Portanto, a cura do coxo de nascença e de outras curas realizadas pelos Apóstolos, revelam que o Reino de Deus chegou até nós e o passado foi absolvido pela misericórdia divina. Com a firmeza de fé de São Pedro, nasce em nós a missão de anunciar, denunciar e convocar à conversão o povo que Deus escolheu para a sua herança.

Na segunda leitura (1 Jo 2,1-5a), São João diz-nos que a essência da vontade de Deus é o amor. Depois do testemunho de Pedro (I leitura), escutamos agora o testemunho da fé de João, que penetra sempre tão profundamente no mistério do Senhor. Segundo ele, Jesus é a vítima de expiação dos pecados de todos os homens e mulheres. Portanto, não é possível conhecer a Deus, sem antes professar a fé acompanhada com a prática que demonstre amor. Por isso, São João diz: “Quem diz: Eu conheço a Deus, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele” (v.4). Conhecer a Deus, portanto, significa experimentá-lo no amor, viver na alegria do amor ao próximo. Trata-se de um amor sem limites. Como dizia São Francisco de Sales: “A medida do amor é amar sem medida”. Então, amemo-nos uns aos outros no verdadeiro e autêntico amor que brota de Deus.

Já o santo Evangelho de São Lucas (Lc 24,35-48), descreve-nos as aparições de Jesus ressuscitado, numa narração dos grandes acontecimentos que ocorreram e as dificuldades, no início, que os discípulos tiveram de O reconhecer. Para Lucas, o testemunho de fé em Cristo ressuscitado deve ser comunitário. Não basta o testemunho dos dois discípulos de Emaús. Era necessário que toda a comunidade devesse entrar em contacto, na experiência de ver e partilhar o pão e o vinho com o Messias ressuscitado. Nestas aparições, Jesus revela-se e abre-lhes os olhos da fé. A partir daquele momento os discípulos recebem a missão de levar a Boa Nova a todas as nações, começando por Jerusalém. Assim sendo, na Eucaristia recebemos Jesus ressuscitado, que nos capacita a traduzirmos o seu amor em gestos concretos de fé, de devoção e dedicação para a nossa salvação. Deste modo, nós, pelo testemunho de fé, queremos continuar a sermos fiéis ao projecto de Deus, anunciando, denunciando e levando as pessoas ao arrependimento, à conversão e ao perdão dos pecados de cada um e da humanidade toda.

À CEAST, que amanhã dia 15 de Abril completa 57 anos de fundação, desejo muitas graças e bênçãos da parte de Deus.

E a todos irmãos e irmãs em Cristo, desejo-vos continuação de Festas Felizes de Páscoa.