XXVII Domingo do Tempo Comum
O “sim” a Deus é, decididamente, produzir frutos de direito e de justiça
A liturgia da Palavra deste domingo, o 27º Domingo do tempo comum – ano A, continua, na senda dos domingos anteriores, a indicar-nos as atitudes necessárias para fazermos parte do Reino dos Céus. Há dois domingos, através da parábola dos trabalhadores da vinha, aprendemos que, para fazermos parte do reino, importa mais o nosso “sim” a Deus, que nos convida a toda hora a trabalharmos na sua vinha, que a “hora” em que damos o referido sim, pois “os últimos serão os primeiros e os primeiros os últimos”. No domingo passado, através da parábola dos dois filhos, aprendemos que o nosso “sim” deve ser consequente e não apenas em palavras. Neste domingo, através da parábola dos vinhateiros homicidas, a liturgia da palavra nos quer ensinar a fazermos do nosso “sim” um compromisso sério com Deus, um produzir frutos de direito e de justiça.
Na primeira leitura de hoje, através do Cântico da Vinha, o profeta Isaías compara Israel a uma vinha plantada com muito amor e cuidada com solicitude pelo seu Senhor, mas que, em contrapartida, não produziu os frutos esperados: frutos de direito e de justiça. Em vez de se deixar transformar pelo amor do seu Senhor, Israel deixou-se seduzir pelo mal e produziu “sangue derramado” e “gritos de horror”. Por conta disso, não podendo Deus compactuar com ela, prepara-Se para abandonar essa vinha infiel à sua sorte.
A parábola do Evangelho é uma atualização da primeira leitura feita por Jesus, à luz do contexto e com vista a mostrar, por um lado, o afeto, a ternura e a misericórdia de Deus para com o seu povo e, por outro, a ingratidão e a violência com que Israel responde a tanto amor. Os vinhateiros homicidas são os líderes religiosos judaicos que, fechados em si mesmos, não só não produzem frutos de direito e de justiça como também não permitem que os enviados do dono da vinha, os profetas, o façam. Como se não bastasse, movidos pela ganância, decidem matar o filho, o herdeiro, para se apoderarem da vinha. Diante dessa situação, surge espontânea a interrogação: “quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?”
Enquanto, na primeira leitura, Deus abandona à sua sorte a vinha improdutiva, uma clara alusão à catástrofe do exílio da Babilónia, no evangelho, duas soluções são apresentadas: por um lado, Deus ressuscita o “filho” que os “vinhateiros” mataram e faz dele a “pedra angular” de uma nova construção; por outro, Deus decide retirar a “vinha” das mãos desses “vinhateiros” homicidas, que perderam por isso os seus privilégios, e confia-a a outros “vinhateiros”, na esperança destes produzirem bons frutos e de, no tempo determinado, fazerem chegar ao dono da vinha o que lhe é devido.
Na perspectiva do evangelista Mateus, os outros vinhateiros são a igreja, o novo Israel, constituída de judeus, gentios, pecadores, cobradores de impostos, prostitutas, pobres, doentes, crianças, mulheres, em fim, pessoas dispostas a se converterem e a produzirem com a sua ressurreição, frutos de direito e de justiça. Mas, a graça de ser cristão não garante o Reino. O que é decisivo para definir a pertença ao reino é o “produzir frutos”. Por isso, somos todos chamados a sair da letargia e a dar frutos próprios do Reino. A isso nos anima o Apóstolo Paulo, convidando-nos a não nos angustiarmos ou afligir por qualquer situação difícil, mas a viver na alegria e na serenidade, tendo em conta tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, nobre e digno de louvor.