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O ESPíRITO SINODAL DOS MEMBROS DA IMBISA COMEÇA A REFLECTIR-SE NA BASE

No próximo dia 24 de Abril 2023 a Inter-regional Meeting of Bishops of Southern Africa (IMBISA) em Português chamada Associação Inter-regional dos Bispos da África Austral, que inclui África do Sul, Angola, Botwana, Eswatini, Lesoto, Moçambique, Namibia, S. Tomé e Príncipe e Zimbawe, vai completar 48 anos de caminhada. Pois ela foi fundada a 24 de Abril de 1975, em Pretória, República da África do Sul. Sem dúvida, é uma longa caminhada na experiência de sinodalidade.

Por ocasião do 46º aniversário da IMBISA escrevi dizendo que a literatura atinente à vida da IMBISA indica que a busca da comunhão e cooperação pastoral entre os seus membros e além (cfr. Estatutos da IMBISA) está na origem da criação da IMBISA. E dizia ainda que é um próposito que vai ao encontro da oração de Jesus, ‘que sejam um’ (Jo 17,21) para que o mundo possa crer, o qual teve como factor galvanizador o Concílio Vaticano II e o Código de Direto Canónico de 1983 que encorajam a união de esforços na difusão da Boa Nova e luta contra o maligno. Pois com o Vaticano II a eclesiologia de comunhão ganhou um grande impulso. O Papa Francisco não cessa de insistir na Sinodalidade, alías a nossa Igreja Católica está empenhada no processo de escuta sinodal, o qual terá o seu momento de discernimento final em Outubro de 2024.

O estágio actual da agremiação encoraja a afirmar que, o propósito tomou corpo, e que a IMBISA atingiu certa maturidade. E colocava como desafio o fazer reflectir a comunhão dos membros, na base, portanto, a comunhão das igrejas locais. A comunhão saboreada pelos membros da IMBISA deveria ser, idealmente, também experimentada a nível das suas igrejas locais. Apraz-me desta vez afirmar que este passo começa a ser dado. O que me encoraja afirmar assim é o desejo e pedido expressos pelos jovens da IMBISA.

Para a Plenária da IMBISA realizada de 22 a 27 de Setembro de 2022 em Windhoek, Namibia que teve como tema Construindo juntos- Reimaginando o envolvimento da Igreja com os Jovens na região da IMBISA à luz da Exortação do Papa Francisco, Christus Vivit, os Bispos tiveram a feliz ideia de convidar dois jovens de cada país membro da IMBISA, os quais tiveram uma participação muito activa e sugestiva. Esta experiência teve um impacto na vida dos jovens e mexeu profundamente com eles. A título ilustrativo, oiçamos o que dois jovens, que participaram na Plenária, expressam:

Kelly Mureme, uma jovem de Namibia
«Durante a reunião da IMBISA de 2022, nasceu a ideia de fazer um dia regional da juventude semelhante ao realizado pela igreja universal em todo o mundo. Há um provérbio na minha língua Gciriku “Omu lya yenda likuru Ndjovhu Ka ndjovhuwena nako mo ngaka pita”. Isso é frequentemente usado para descrever como os filhos tendem a herdar as características de seus pais ou como seguem os passos de seus líderes ou pessoas que eles olhem com admiração”. Simplesmente se relaciona com os comportamentos dos Elefantes, os “bezerros” os elefantes jovens sempre seguem o caminho que foi/é feito pelos elefantes mais velhos. Portanto, se ouvirem o propósito do nosso dia da juventude, notarão que essas são as mesmas razões pelas quais a IMBISA foi formada em primeiro lugar, seguimos o mesmo caminho, pois vimos que é um caminho bom e digno. Portanto, encorajamos os outros jovens a se unirem a nós para imitar nossos Bispos, pois sua unidade imita a unidade da Igreja universal que se fundamenta na Unidade de Cristo».

Thamsanqa Shongwe, um jovem de Eswatini
«Os jovens da região vivem muitos desafios comuns, alegrias e oportunidades que têm impacto na sua vida espiritual e social. Esse impacto pode ser positivo ou negativo. Por meio do Dia da Juventude da IMBISA, os jovens da região terão a oportunidade de compartilhar sua fé e experiências de vida. Esta é também uma oportunidade para rezar juntos, refletir sobre a nossa fé, catequizar os jovens, bem como motivar e capacitar os jovens através de discussões interativas sobre a fé católica e o desenvolvimento pessoal. Finalmente, esta será uma oportunidade para integrar os jovens da região para criar unidade e fraternidade». O exemplo dos filhos que imitam o que vêm dos seus pais e dos elefantes jovens que seguem o caminho dos elefantes mais velhos, reportado pela jovem Kelly, para dizer nós jovens da IMBISA queremos seguir o exemplo dos nossos Bispos é simplesmente eleoquente e emocionante.

Os jovens clamam por uma oportunidade de estarem eles também juntos como jovens da IMBISA, a comunhão dos membros da IMBISA está descendo para os jovens. Os jovens que estiveram em Windhoek já interagem, constituiram um grupo de WhatsApp, se sentem familía e querem que essa familiaridade se alargue a outros jovens. Isto é típico do africano que não se confina na família nuclear, tem uma visão muito ampla de família pois para além da familia de pai e mãe, tem a família do clã, da tribo e família por afinidade em resumo família alargada. Alías, é o que o Papa Francisco pede logo no número 1 da Fratelli Tutti, que a humanidade consiga viver uma fratenidade universal como se pode ler: «FRATELLI TUTTI»: escrevia São Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma forma de vida com sabor a Evangelho. Destes conselhos, quero destacar o convite a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço; nele declara feliz quem ama o outro, «o seu irmão, tanto quando está longe, como quando está junto de si». Com poucas e simples palavras, explicou o essencial duma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita».

Em geral a amizade dos pais costuma ser também vivida pelos filhos. Neste contexto, o desejo e pedido dos jovens reveste-se de uma grande importância, e ainda mais num momento em que somos todos conviados pelo Papa Francisco a embarcar numa Igreja sinodal, porque na visão do Papa, expressa no seu Discurso na Comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos a 17 de outubro de 2015, «O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio».