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‘Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento’

XXXII Domingo do T.C, 06 de Novembro de 2022

‘Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento’

Antes de entrarmos no espírito cristão, recordar que hoje o mundo comemora o Dia Internacional para Prevenção da Exploração do Ambiente em guerra e conflito armado. Precisamos orar para que os países em guerra possam encontrar, quanto antes, soluções que não prejudiquem a vida das pessoas nem danifiquem o meio Ambiente.
Estamos a celebrar o XXXII Domingo do Tempo Comum, e a liturgia de hoje nos apresenta na primeira leitura (2 Mac 7,1-2.9-14) como tema central a fé na ressurreição. Se a consciência da ressurreição foi se expandindo ao longo dos tempos, porém, no Antigo Testamento ela é claramente professada, por palavras e pelo martírio dos sete irmãos macabeus e sua mãe, martirizados por obediência à Lei de Deus, não cumprindo a ordem do rei pagão. A esperança de uma vida depois da morte nunca esteve completamente ausente da Bíblia. Mas foi com os jovens irmãos macabeus que a expressão “ressurreição” surgiu claramente na fé de além-túmulo. A morte não tem a última palavra.
Este texto situa-se no tempo da dominação grega na Judeia, onde impunham a sua cultura e modo de viver. Quem não aderisse à moda do opressor, do dominador, era caçado, torturado e morto. A partir disso é que surgem no meio do povo judeu alguns homens revoltados contra um sistema ditador que impede o povo dominado de continuar nas suas práticas culturais, na devoção e adoração ao seu Deus. São os sete irmãos e sua mãe que, corajosamente, defendem suas tradições e costumes: “É preferível ser morto pelos homens tendo em vista a esperança, dada por Deus, de que Ele um dia nos ressuscitará” (v.14a). E já naquele tempo tinham a consciência para onde iriam parar os malvados: “Para ti, porém, ó rei, não haverá ressurreição para a vida” (v.14b). Aqui, portanto, a ressurreição é vista como recompensa aos justos pela luta em favor da liberdade e da justiça. Ao passo que, o castigo de Deus como a sorte dos malfeitores, dos injustos.

Portanto, a esperança na ressurreição, a partir desse momento histórico, tomou corpo e cresceu, alimentando a resistência dos que lutam pela liberdade e vida. A prática de Jesus, sua morte e ressurreição irão confirmar e solidificar esta esperança: na luta pela vida, Deus tem a última palavra. O Salmo 16 é uma oração de súplica de um inocente injustamente acusado e perseguido pelos poderosos. A oração deste salmo aplica-se à oração feita por Jesus no seu injusto processo de julgamento e condenação. Mas tudo deixa acontecer confiando na intervenção do Pai que nunca abandona o seu Filho. Nos momentos de provação e de desalento, também para nós será um grande conforto podermos contar com Deus, que sempre nos ouve e atende. Ele é bom e justo, sempre disposto a ouvir e responder-nos, quando chamamos por Ele.

Nesta segunda leitura (2Tes 2,16–3,5), notamos que, São Paulo fez também a experiência do que é sentir-se acabrunhado pelos seus inimigos; mas foi então que ele mais soube apelar para a confiança em Cristo, tanto para si como para os outros. No texto de hoje, Paulo exprime de forma peculiar a sua adesão a Cristo a quem ele serve mesmo na tribulação. Por isso exorta os crentes a resistir nas perseguições, nas calúnias e difamações para alcançar o perdão das nossas culpas, pela misericórdia de Deus. A carta apresenta um dado importante: a fé cristã se expressa neste mundo real e, por isso, jamais o cristão foge da luta e dos desafios que vai enfrentando na vida, enquanto aguardamos em jubilosa esperança a última vinda de Cristo.

Já o santo Evangelho de São Lucas (Lc 20, 27-38), o autor do livro reúne, neste capítulo 20, os conflitos que Jesus enfrenta em Jerusalém com os fariseus e saduceus. Mas aqui foi um diálogo com saduceus que pregavam haver impossibilidade de uma vida além-túmulo. Portanto, não há ressurreição após a morte. Jesus esclarece que, os ressuscitados viverão como os anjos, livres de todas as limitações e obrigações corpóreas, humanas: “Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois serão como os anjos” (vv.34-36).

A Igreja precisa do contributo de todos e é urgente que cada um faça avançar, técnica, profissional e produtivamente o trabalho a que se dedica, numa caminhada sinodal que conduz à “comunhão, participação e missão”, num mundo renovado a caminho da ressurreição da carne. Ámen.