General

Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?

XXVIII DOMINGO COMUM-Ano C
1 L. 2Re 5,14-17; 2L. 2Tim 2,8-13; Ev. Lc 17,11-19

A Liturgia da Palavra do Vigésimo Domingo do Tempo Comum, Ano C é muito rica de ensinamento, como sempre acontece, quando prestamos a devida atenção. Pois, na Primeira Leitura temos o general Namaã que obedecendo o homem de Deus, profeta Eliseu foi mergulhar no rio Jordão à busca da cura da sua lepra. Não obstante, ser ele general obedeceu ao homem de Deus e esta obediência lhe valeu a cura. Pois a Sagrada Escritura ensina que a obediência vale male que o Sacrificio (1Sam 15,22).

O general não só obedeceu como também, após obter de Deus a resposta favorável ao seu pedido, acreditou que a sua cura era obra de Deus e manifestou-se profundamente reconhecido e agradecido e prometeu não servir a quaiquer outros Deuses, somente a Deus de Israel. Portanto, de um lado temos Deus sempre pronto a atender as necessidades daqueles que se dirigem a ele, com fé, o profeta que, fiel à sua missão, orienta correctamente o povo, e o general que nos transmite a virtude da obediência e de gratidão. No Evangelho temos um cenário idêntico. Temos dez leprosos que vão atrás de Jesus, por acreditarem que dele podem obter a cura da sua lepra, mas por conhecerem a lei da segregação, colocam-se à distância. Jesus, como sempre, muito atento, vê-os e, mesmo tendo presente a lei da segregação dos leprosos, aceita ir ao encontro do seu pedido e cura-os.

A diferença é que só foi um leproso, e por sinal, um samariatano, portanto,estrangeiro, que tomou a atitude do general Namaã agradecendo a Jesus o que foi muito estranho que Jesus teve que comentar. Pode-se classificar de várias maneiras a atitude dos outros 9 mas não me parece ser a mensagem principal da Palavra de Deus deste domingo. De acordo com a observação de Jesus, o foco está no saber agradecer a exemplo do general Namaã e do samaritano. O samaritano com a sua atitude, da cura física alcançou também aquela espiritual.

O gesto de agradecimento pode ser expresso de várias maneiras. Pode ser ou em palavras ou em gestos. Paulo, na segunda leitura, manifesta gratidão a Jesus dedicando-se à causa do Evangelho até sofrer prisão. E ensina que se perseverarmos no gesto de gratidão a Jesus, e com fidelidade, até ao fim da nossa peregrinação na terra, morreremos com ele. Morrer com Jesus é ter garantia de ressurreição. Jesus deixa um exemplo muito claro quando o bem está em questão sobretudo aos pastores. Ele não se importou da normativa da segregação, colocou ao serviço do próximo o seu poder divino.

Inspirando-se em Jesus, o Papa Francisco ensina que o pastor tem que ter o cheiro das ovelhas. Um pastor que entre acudir a ovelha em necessidade e observar uma norma opta mais seguir a norma, às vezes numa atitude egoista, criando distanciamento com o seu rebanho, nunca levará consigo o cheiro das ovelhas. Os doentes de lepra eram estigmatizados porque a lepra era associada ao pecado. O doente de lepra era visto como pecador, a origem da sua doença estava no pecado e os pecadores deviam ser afastados do convívivio. Jesus sempre foi condenado pelos seus contemporâneos por se aproximar dos pecadores. E ele, com a sua atitude, condenou esse procedimento. Os dotes e as graças que recebemos são para serem postos ao serviço dos outros. O cânone 1752 do Código de Direito Canónico prescreve que a lei suprema da Igreja é a salvação das almas.

Face a estas leituras, todo o baptizado deve sentir-se interpelado e questionar-se como tem mostrado a sua gratidão ao Senhor que aceitou assumir a nossa carne a até derramar o seu sangue na cruz para a nossa libertação. A gratidão pode ser pondo em prática os ensinamentos da Sagrada Escritura, ou cumprindo os preceitos da Santa Madre Igrejas ou despondo-se a ajudar o próximo ou contribuindo para a construção de um mundo melhor. O cristão, que depois de regenerado nas águas do Baptimos, afasta-se da Igreja, corpo místico de Cristo, parece estar a aseguir o exemplo dos leprosos que, depois de curados, seguiram o seu caminho, sem fazer caso de quem lhes curou.

Porque estes nove leprosos agiram dessa forma? Porque conforme a mentalidade corrente no judaismo, pensavam que a cura lhes fosse quase devida, sendo povo eleito depositário das promessas messiánicas. Esta pode ser a tentação de muitos cristãos. Portanto, a liturgia da palavra deste domingo ensina que, a base de tudo é a fé, para qualquer necessidade, devemos nos dirigir, com fé, ao Senhor, que está sempre pronto a nos acudir e uma vez atendidos saibamos agradecer ou em palavras ou em actos.