Por Pe. Brito João Fernando, Diocese de Lichinga – Moçambique
Repensar as vocações hoje
Vivemos numa época de muitos desafios isso ninguém nega, pois todos sabemos que no mundo hodierno falar de vocação à vida consagrada constitui um desafio até mesmo é visto como estar contra a moda, os poucos homens e mulheres que corajosamente se entregam ao discernimento são quase afastados ou isolados da sociedade. É neste contexto que recordo os apelos do Papa Francisco na sua mensagem alusiva ao 59º dia Mundial de Orações pelas vocações “Chamados para construir a familia humana”. De facto, a familia é a Igreja doméstica, a célula onde o embrião da vocação nasce e se desenvolve. Por isso há-que priorizar a pastoral das famílias que o Santo Padre o Papa Francisco chama de Pastoral da Visitação, na qual somos chamados a viver de perto os problemas de cada família.
Um outro aspecto que me chamou atenção neste tema das vocações é facto de que muitas vocações perdem-se porque a sociedade e comunidade cristã não as motiva. Neste sentido, cito as palavras proferidas pelo Pe. Hortêncio André Sormone, Pároco da Paróquia de Nossa Senhora de Loreto – Etatara, do clero diocesano de Lichinga – Moçambique, no preterito Domingo do Bom Pastor: “muitas vocações são estragadas por causa das nossas bocas”. Realmente, muitas vocações são sacrificadas devido ao “ouvir dizer” e ao “queriamos ver onde ia terminar isso” mas nos esquecemos que é Deus quem chama, Ele chama ao que é frágil aos olhos do mundo para confundir os fortes, como diz São Paulo.
Aos jovens que sentem o chamado não se deixem vencer pelas adversidades da vida. Ainda me lembro das palavras proferidas por Mons. Miquiéas (1926-2021) dos primeiros sacerdotes dicocesanos negros moçambicanos, do clero diocesano de Lichinga (na eterna saudade), papá vocação é diferente de bocação assim, desafiava aos jovens vocacionados a estarem firmes em suas escolhas.
Como Igreja urge repensarmos novos metódos de acompanhamento dos jovens no que tange aos critérios do discernimento da sua vocação. Não estou a me opõr aos metódos usados no passado, mas antes quero dizer que precisamos de actualizá-los no contexto actual sobretudo, tendo presente os desafios impostos pela pandemia da Covid 19 e do mundo digital.