General

Reflexões teológicas virtuais da IMBISA

De. Pe. Dr. José Brinco

Realizou-se, como estava previsto, a segunda reflexão teológica virtual sobre a sinodalidade, organizada pelo Departamento de Pastoral, como concretização das deliberações do Concelho permanente da IMBISA. Dentre os que se conectaram ao zoom esteve também sua Excelência Reverendissima D. Estanislau Tchindekasse, Bispo da DIOCESE do Dundo e Vice Presidente da CEAST, a Quem coube tecer considerações finais e derramar sobre nós a bênção de Deus.

O tema, ‘Igreja família e a pastoral das “Mães solteiras” foi sapientemente apresentado pelo teólogo Pe. Rafael Sapato, da CEM (Conferência Episcopal de Moçambique), actualmente ao serviço da IMBISA, com a moderação do teólogo Pe. José BRINCO, Professor de Teologia Fundamental do Seminário do Bom Pastor de Benguela.
O prelector começou por delimitar os conceitos de família e ‘mães solteiras’. Apesar da crise que se vive, a família em África é uma categoria cultural importante na ‘recepção’ da doutrina conciliar sobre a Igreja como comunhão. Documentos magistrais, como Africae Terrarum, Familiares Consortio, Dignitatis Humanae, Ecclesia in África, não deixaram de ser referenciados como fundamentação teológica, com o intuito de elucidar o pensar do Magistério sobre a Igreja como família de Deus e suas implicações pastorais. Quanto ao conceito de ‘mães solteiras’, o Prelector esclareceu que não se trata daquelas que assumiram esta condição por opção ou por gravidez não planejada e/ou indesejada, mas sim, das mulheres abandonadas pelos maridos com filhos, eximindo-se, assim, da responsabilidade de os proteger financeiramente e do compromisso de garantir uma educação humana e cristã.

Essas mães exigem um especial cuidado espiritual e acompanhando pastoral, em vista a uma reconstrucao emocional, reinserção socio-profissional e integração eclesial. O prelector sublinhou que esta problemática integra-se no primeiro núcleo de interrogações do sinodo 2023, relacionado aos COMPANHEIROS de viagem: ‘Que pessoas ou grupos são, expressa ou efetivamente, deixadas à margem? ( Documento preparatório do Sínodo, 30).
A prática PASTORAL em algumas paróquias ou mesmo Dioceses deixa muito a desejar e a deplorar. Um paradoxo, um contraste em relação ao que se ensina! A Igreja é a família, casa de Deus que deve acolher a todos, mas estas mulheres solteiras, por causa da sua condição, são, em muitas comunidades eclesiais, marginalizadas e excluídas. Para superar esta triste realidade pastoral é importante, segundo o Prelector, contemplar o mistério dda vida de Maria e a atitude pastoral de Jesus em relação aos pecadores. A Igreja é regida não pela lógica da condenação e marginalização, mas sim, pela misericórdia, perdão em vista a integração de todos os seus filhos na comunhão eclesial. Isto exige reforma pastoral e uniformização de normas e práticas relacionadas às mães solteiras. A sinodalidade é conversão pastoral. Nesse processo de conversão, a reflexão teológica joga um papel decisivo. Assim como a filosofia foi ‘ancila thelogiae ‘, a teologia deve ser a ‘serva’ da pastoral, uma teologia que tem como centro a misericórdia, uma teologia que seja expressão de uma Igreja que é ‘hospital de campo’ (cf. Carta do Papa Francisco por ocasião do centenário da faculdade de Teologia da pontifícia Universidade católica argentina, Vaticano 2015?
Importa dizer que a reflexão do Rvdo Pe. Rafael Sapato estará disponível no website da IMBISA e todas as reflexões serão enviadas ao SECAM.

A terminar, em nome da moderação, manifestamos no gratidão pela tarefa a nós confiada e bem haja a nossa IMBISA pela iniciativa. Participemos desta pastoral da inteligência’, é também uma forma de caminhar JUNTOS.
Finalmente o voto, o desejo de Bento XVI para a teologia em África: Que o interesse pela reflexão teológica cresça cada vez mais e que os nossos teólogos e mestres espirituais africanos continuem a sondar a profundidade do Mistério trinitario e o seu significado para a vida diária de África para que, com a graça de Deus o nosso Continente conheça neste seculo o renascimento da prestigiosa Escola de Alexandria (cf. Bento XVI, encontro com o Conselho especial do Sínodo para a África, 2099).

Catumbela, 08 de Março de 2022, Dia Internacional da Mulher.