(Números 62 – 100)[1]
Para enfrentar os problemas ilustrados no capítulo anterior, o papa Francisco selecciona passagens bíblicas que dão uma visão englobante que vem da tradição Judeo-cristã. Com isto ela articula a “responsabilidade tremenda” (LS 90) da humanidade pela criação, a ligação íntima entre todas as criaturas e o facto de o “ambiente natural ser um bem colectivo e património de toda a humanidade e responsabilidade de todos” (LS 95).
Na Bíblia, “o Deus que liberta e salva é o mesmo deus que cria o universo e estas duas maneiras divinas de agir estão intimamente ligadas e inseparavelmente unidas” (LS 73). A história da criação é central para reflectir a relação entre os seres humanos e as outras criaturas e para explicar como o pecado quebra o equilíbrio de toda a criação na sua totalidade: “Estas narrações sugerem que a vida está baseada em três relações interligadas e fundamentais: Com Deus, com os nossos irmãos e a própria terra. De acordo com a Bíblia, estas três relações vitais foram quebradas, tanto for a como dentro de nós próprios. Esta ruptura é o pecado” (LS 66).
Por causa disto, mesmo se “nós Cristãos temos a determinada altura interpretado incorrectamente as Escrituras, hoje temos de rejeitar a noção de que o facto de termos sido criados à imagem de Deus e de nos ter sido dado domínio sobre a terra, justifica a noção de absoluto domínio sobre as outras criaturas” (LS 67). Os seres humanos têm a responsabilidade de “cultivar e guardar” o jardim do mundo (cf. Gén 2:15)” (LS 67), sabendo que “a finalidade última das outras criaturas não se encontra em nós. Mas antes, todas as criaturas caminham connosco e através de nós para um ponto comum de chegada, que é Deus” (LS 83).
Que o ser humano não é o dominador do universo “não significa colocar todos os seres vivo ao mesmo nível privando os seres humanos do seu valor único e da tremenda responsabilidade que acarreta. Nem tão pouco significa a divinização da terra que nos impeça de a trabalhar e de a proteger na sua fragilidade” (LS 90). Nesta perspectiva, “cada acto de crueldade contra cada criatura é contrário à dignidade humana” (LS 92). Entretanto, “um sentido de profunda comunhão com o resto da natureza não pode ser real se nos nossos corações faltar carinho, compaixão e preocupação pelos nossos concidadãos” (LS 91). O que é necessário é uma consciência de comunhão universal: “chamados a sermos um com o Pai. Todos nós estamos ligados por elos invisíveis e juntos formamos uma espécie de família universal, uma comunhão sublime que nos enche de um respeito sagrado, afectuoso e humilde” (LS 89).
O capítulo conclui com o coração da Revelação Cristão: “O Jesus terreno” com “a sua relação tangível e amorosa com o mundo” é “ressuscitado e glorioso mas continua presente na criação através do seu senhorio universal” (LS 100).
Actividades Sugeridas:
Reflectir individualmente, nas famílias, Pequenas Comunidades Cristãs, nas Associações e através de Grupos Bíblicos sobre as vossas responsabilidades como Mordomos da Criação tanto como Cristãos como Católicos.
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