ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR
COMENTÁRIO DA LITURGIA
DO III DOMINGO DE ADVENTO
« Deus de infinita bondade, que vedes o vosso povo esperar fielmente o Natal do Senhor, fazei-nos chegar às solenidades da nossa salvação e celebrá-las com renovada alegria… ».
“ A esperança, modo de estar típico no tempo de Advento, é fonte inesgotável de dinamismo e de optimismo para a vida, muitas vezes árida, dos cristãos, no deserto deste mundo”.
Na liturgia do III Domingo, uma reflexão apresenta-se em volta do tema da alegria. Há um convite para alegria – “alegrai-vos sempre no Senhor”.
Sofonias 3,14-18 é continuação de uma visão, na qual a Filha de Sião (Jerusalém) é convidada a exultar por causa de dois motivos fortes (vers.15-15): foi revogada a sentença que a condenava e liberta de todos os seus opressores; sobre ela reina o Senhor, um Rei diferente dos reis humanos, oferecendo a salvação. Jerusalém é convidada a não temer porque é-lhe vizinho um potente salvador, Deus, que se compadece e se alegra por ela.
S. Paulo também convida a comunidade a viver na alegria recorrendo à paz de Deus que supera todo o tipo de inteligência; a acção de João Baptista convida a uma convivência inter-humana baseada na bondade do próprio Deus, o Senhor da Paz.
A Eucaristia de hoje carrega claramente um convite à alegria para que a assembleia celebrante tome consciència da unidade entre a mensagem a ser anunciada pelos cristãos e a alegria que lhe deve caracterizar. Somos convidados a sermos anunciadores da alegria em todos os contextos em que nos encontremos. Temos de crer que o Evangelho que nos transforma e de que somos anunciadores deve estar atento às experiências quotidianas dos homens e mulheres do nosso tempo: qual é o sentido da alegria e da esperança da geração actual? Não é antes de mais nada a total certeza de que a vida seja vivida com amizade, feita de relações de respeito à dignidade humana fundamentada na justiça e capaz de dar a todos o mínimo indispensável para uma vida honrosa?
O apelo à alegria que caracteriza a Eucaristia hodierna é um convite a um empenho no cultivo da esperança e da serenidade. À um doente levo a alegria cristã visitando-lo; a um perseguido, a um marginalizado, a um explorado, a alegria e a salvação levo-a tomando comigo a sua causa, solidarizando-me e lutando por ele; assim como a um opulento, que vive na ilusão de uma vida dissoluta, garantida por riquezas acumuladas injustamente, ajudando-lo a compreender que a verdadeira alegria vem do facto de procurar ser um verdadeiro homem, livre do dinheiro escravisador, livrando-se do mesmo.
A verdadeira alegria vem de Deus, por isso ele não criou a morte, não coabita com a angústia nem tão pouco com a tristeza; onde estiver esses males desaparecem. O homem quando corta a relação com Deus, vai ao encontro da morte; e é para manifestar o facto de Ser Senhor da vida que criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, destinando-lhes para a plenitude da vida, isto é, para a paz que ninguém pode roubar. É o homem que introduz a morte e inventa a tristeza. Com a liberdade recebida, o homem distanciou-se do Deus da Vida e da alegria.
Essa semana litúrgica inaugurada com o Domingo da alegria nos faz lembrar que no Natal Deus avizinha-se dos homems com tanto amor e paciência, a tal ponto de de se fazer semelhante a ele, peregrinando e tornando-se seu companheiro. É a boa nova, da qual nos fala o Evangelho de hoje. O cristianismo é essa boa nova. O cristianismo é anúncio da alegria porque Deus fez-se primogênito dos homens e caminha com eles na tentativa de Ser uma companhia que mude e converta o coração humano. Neste Domingo da alegria, cada cristão deveria perceber que os filhos e filhas de Deus são a Sua alegria.
Em suma a nossa alegria cristã deve emergir como fruto da presença do Senhor que vem para nos ajudar; acolher alguém exige metermos-nos a fazer algo que transforme a inteira comunidade humana.
Bendito o que vem em nome do Senhor.