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O Caminho da Reconciliação e da Plenitude

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje somos chamados a refletir sobre a grande dádiva da reconciliação, que nos é oferecida em Cristo. Em diversas passagens das Escrituras, vemos como o Senhor vem ao encontro dos que se perdem, dos que erram, e como Ele oferece uma nova chance para recomeçar. A primeira leitura, de Josué, fala da renovação da aliança e da festa da Páscoa, marcando o fim do sofrimento no deserto e o início de uma nova etapa na terra prometida. Para o povo de Israel, a Páscoa era um símbolo de libertação e do início de uma vida nova, em plenitude, onde finalmente poderiam desfrutar daquilo que Deus havia prometido.

Essa renovação da aliança em Josué é uma prefiguração da obra de Cristo, que, em sua morte e ressurreição, oferece a todos a verdadeira libertação. Em Cristo, nós também somos chamados a deixar para trás as angústias do deserto, as misérias do pecado, e a celebrar a nova aliança que Ele estabeleceu, uma aliança de reconciliação com o Pai.

São Paulo, na segunda leitura, nos fala sobre essa reconciliação, dizendo que em Cristo somos uma nova criação. O passado de pecado, de erro, de separação de Deus, fica para trás, pois a morte de Cristo na cruz nos trouxe a justiça e o perdão. “Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo”, e agora somos embaixadores dessa reconciliação. Esta é a missão que Cristo nos dá: levar a boa nova do perdão e da reconciliação ao mundo.

E é justamente sobre essa reconciliação que nos fala a parábola do filho pródigo, no Evangelho de hoje. O filho que se afasta, que escolhe um caminho errante e se perde, mas que, ao se arrepender e voltar, encontra os braços abertos de um pai amoroso. O pai, representando Deus, não hesita em perdoar, em restaurar o filho à dignidade que ele havia perdido. O filho, que se considerava indigno, é acolhido com festa, como alguém que “estava perdido e foi encontrado”. Este é o amor incondicional de Deus, que sempre nos espera, pronto para nos receber de volta, não importa o quanto tenhamos errado.

No entanto, o irmão mais velho, que se mantinha fiel, se incomoda com a generosidade do pai. Ele não compreende a alegria do perdão, pois vê a reconciliação apenas de forma egoísta e legalista, sem entender o coração de Deus. Deus não quer que nos tornemos assim: pessoas que se fecham em sua justiça e se recusam a celebrar o arrependimento e o retorno do irmão. A parábola nos ensina que a festa da reconciliação é para todos, pois todos somos necessitados do perdão de Deus, e o que Ele mais deseja é que todos sejam salvos.

Assim como o povo de Israel no deserto, nós também estamos em uma jornada. Todos nós passamos por momentos difíceis e por deserto espiritual, mas somos convidados a olhar para a promessa de Deus e celebrar, com alegria, a liberdade que Ele nos oferece. Como diz São Paulo, em Cristo somos uma nova criação, chamados a viver a reconciliação e a proclamá-la ao mundo.

Portanto, meus irmãos, sejamos como o filho que se arrepende e retorna ao Pai, confiantes de que Ele nos acolherá com amor e nos concederá uma nova vida. E que, assim como Ele se alegra com o retorno do filho, possamos também nos alegrar com a conversão dos outros, celebrando sempre a misericórdia de Deus, que não faz acepção de pessoas e sempre nos convida a voltar para Ele.

Que Deus nos abençoe e nos conceda a graça de vivermos em constante reconciliação com Ele e com nossos irmãos.

Amén.