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Domingo da Ascensão do Senhor

Act 1, 1-11 Ef 1,17-23 Mc 16, 15-20

Caros irmãos e Irmãs, paz e bem em Jesus Cristo, que subiu aos Céus!

Hoje estamos a celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor. O tema central desta solenidade refere-se à Missão, por isso, a nossa reflexão será intitulada: “A missão universal da Comunidade Cristã”. A Ascensão é a subida de Jesus ao Céu. Jesus vai para o Pai, sobe ao Céu, mas não nos abandona, não nos deixa à nossa sorte, Ele permanece entre nós, apenas mudou o modo de estar entre nós: «E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» ( Mt 28, 29). A liturgia faz-nos perceber melhor esta ausência do Senhor. Despois da Ascensão, retira-se o Círio pascal da vista de todos, significando a retirada de Cristo visível. Ele inicia a sua presença invisível, ele permanece visível de modo invisível. Jesus permanece connosco através da sua Palavra, Palavra que é vida e salvação e na vida sacramental. Permanece no presente no íntimo dos corações (Hermes Ronchi).

Esta solenidade é celebrada 40 dias depois da Páscoa, um período preparatório para uma missão. O número 40 faz-nos pensar nos 40 dias em que Moisés permaneceu no deserto (Ex. 34, 28), quarenta dias e quarenta noite em que Elias caminhou até chegar ao Horeb, o monte de Deus (1Rs 19, 8) e nos quarenta dias em que Jesus permaneceu no deserto (Lc 4,2). De facto, Jesus permaneceu no seio dos seus discípulos durante
quarenta dias, preparando-os para uma grande missão: a de continuar agora, durante a sua ausência
física, o projecto que o Pai lhe confiara, sendo suas testemunhas.

O tema da Missão Universal da Comunidade Cristã encontra-se claramente espelhada na Primeira Leitura: «Mas ides receber uma força, a do Espirito Santo que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (Act 1,8) e no Evangelho: «E disse-lhes: Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 15). Para orientarmos melhor a nossa reflexão a respeito deste tema, vamos partilhar convosco dois aspectos fundamentais: a missão de Jesus Cristo e a nossa missão, vivida na Paróquia, na família e na sociedade.

A Missão é a grande preocupação de Jesus antes de subir ao céu. A sua missão é a de salvar a humanidade. É a missão que o Pai lhe confiou e ele assumiu-a: «Eu desci do Ceu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. […]. A vontade do meu Pai é esta: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna» (Jo 6, 38). E lê-se ainda noutro lugar: «Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso salvador, que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1Tm 2,4). Esta é missão de Jesus Cristo: «Eu vim para que tenham vida e vida em abundância» (Jo 10, 10).

A nossa missão

Este grande desejo de salvar a humanidade levou Jesus a colocar-se a questão: o que será da humanidade depois de mim? Tenho consciência de que nem todos conhecem o Evangelho. Quem o anunciará? Quem continuará a minha missão?

Jesus decidiu confiar a sua missão à Comunidade dos onze: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16,15). Cada um de nós, baptizado, pertence a esta comunidade missionária, evangelizadora. Esta comunidade é a Igreja cuja natureza é missionária (AG, 2). Somos todos missionários pelo Baptismo. Devemos assumir a nossa vocação missionaria, deixando-nos enviar pelo Senhor: ide e anunciai! O Senhor chama-nos e envia-nos. Resta-nos, responder e colocarmo-nos à disposição do Senhor, à maneira dos onze: «Eles, partindo, foram pregar por toda a parte» (Mc 16, 20).

Cada um de nós deve tomar consciência de que a missão que o Senhor nos confia, não é uma questão de querer ou não querer; mas, sim, é uma questão ontológica para o cristão! Ser cristão é ser missionário. É uma obrigação que deriva do nosso ser! A nossa missão não se vive de modo abstrato, vive-se na comunidade cristã, na Paróquia.

Hoje é triste observar paróquias com falta de catequistas por falta de disponibilidade. Não temos catequistas para dar catequese. No entanto as nossas Paróquias estão cheias de baptizados e crismados! Temos de tomar consciência de que temos a obrigação de, como Jesus, falar da Boa Nova às nossas crianças, aos jovens e aos adultos. Para além do problema da disponibilidade de cristãos para missa, também se observa o problema do cuidado da própria catequese nas Paróquias. Dá a impressão de que algumas paróquias relegam a Catequese no segundo plano. As vezes deixamos a Catequese nas mãos de pessoas não preparadas. Nos esquecemos que a Catequese é o sector chave da vida Paroquial. Sem ela a Paróquia não evangeliza e não suscita cristãos autênticos. É triste! Deviamos reflectir e ver como estamos.

Outro campo para viver a nossa missão de modo concreto, é na família. A função fundamental da família cristã é a educação cristã dos filhos. Será que as nossas famílias ainda cumprem esta sua missão? Acreditamos que algumas famílias ainda se interessam pela evangelização dos filhos, mas a maioria, infelizmente, não! Nós vemos famílias cristãs, constituídas pelo matrimónio, mas não se interessam pela educação cristã dos seus filhos. Não matriculam na Catequese e quando o fazem, não acompanham a catequese dos filhos. A Catequese na família não existe. A família não adquire o catecismo para os filhos a fim continuar a catequese em casa. Neste caso, podemos sonhar com filhos educados na fé? Podemos sonhar com cristãos autênticos no presente e no futuro?

Por fim, o cristão vive a sua missão de modo concreto na vida social. Somos enviados a evangelizar a sociedade em que nos encontramos, o mundo inteiro.

Dia Mundial das Comunicações Sociais

Hoje celebramos a Solenidade da Ascensão que é também o Dia dos Meios de Comunicação Social. É um dos sectores aos quais somos chamados a evangelizar. Para este ano, o Papa Francisco o escolheu como tema para Dia Mundial das Comunicações Sociais, a Inteligência Artificial e a sabedoria do Coração: por uma comunicação plenamente humana.

O Santo Padre, Papa Francisco, na sua Mensagem para este dia, diz que a evolução dos sistemas de Inteligencia artificial está a modificar de forma radical a informação e comunicação, e algumas bases de convivência civil. Uma mudança que afeta não só os profissionais de comunicação, mas a todos. A difusão destas invenções tecnológicas suscita um espanto que oscila entre entusiasmo e desorientação suscitam inquietações inadiáveis, tais como: o que é o homem, qual a sua especificidade e será o seu futuro. Apesar de se reconhecer os aspectos positivos da inteligência artificial, o Papa ressalta algumas realidades que levam à desumanização do próprio homem, tais como: riqueza em técnica e pobreza em humanidade, a tentação de homem se tornar como Deus, sem Deus, transformar o corpo humano como instrumento de agressão em vez de instrumento de comunhão, domínio hostil, poluição congnitiva, a difusão de fake news, redução das pessoas e dados.

Tudo isto torna o homem cada vez mais desumano. Estas são realidade que exigem a nossa presença evangelizadora. Somo chamados a nos aproximarmos desta realidade para anunciar aí a Boa Nova da comunhão, da paz, da justiça, da humanização do homem, da verdade e da honestidade, da fraternidade, do rosto, do olhar, da compaixão e da partilha, para que possamos lutar contra tudo aquilo que queira danificar a nossa humanidade. É preciso começarmos agora a cumprir a nossa missão evangelizadora neste sector para que, como diz o Papa Francisco, a informação não seja separada da relação existencial, mas implique o corpo, o situar-se na realidade; para que não se correlacione apenas dados, mas experiências.

A missão de Cristo é a missão da Igreja e é a missão de cada um de nós

Amados irmãos e irmãs, como podemos ver, a missão de Cristo, é a missão da Igreja e é a missão de cada um de nós. Assumamos todos a nossa missão evangelizadora. Rezemos para que as paróquias e as famílias sejam lugares de difusão da Boa Nova da salvação para que possamos Evangelizar mais facilmente o mundo inteiro. Rezemos pelos jornalistas de todo mundo e de África em particular para que possam informar as pessoas com verdade e amor, evitando tudo aquilo que possa danificar a nossa humidade.

Que Maria Santíssima, nossa boa Mãe, rainha das missões, interceda por nós para que sejamos autênticos missionários.