I Leitura: Sb 6,12-16
O excerto que serve de I leitura neste Domigo, faz um louvor à sabedoria. Tal como em outros livros sapienciais (cfr. Pr 8), a sabedoria é personificada como uma mulher e é rapidamente encaminhada por todos os que a procuram pois ela procura aqueles que são dignos dela (v.16). É preciso ter em conta que, sábio na Bíblia não se confunde com detentor de instrução ou conhecimentos científicos mais elevados, mas sim com o homem prudente, aquele que teme a Deus e sabe distinguir a mão direcita da esquerda, daí que precisamente procura a sabedoria enquanto esta procura por ele, isto é a sabedoria não se esconde a quem a prefere a outros bens, como fez Salomão, o sábio por excelência (1Rs 3,9; 5,9ss).
II leitura: 1Ts 4,13-18
No mês em que Igreja toda dedica à oração pelos defuntos, a Liturgia da palavra através de S. Paulo que, recorrendo ao género literário, conhecido no mundo greco-romano, como “cartas da consolação” responde a temas tão antigos quanto actuais: sobre os últimos tempos e a sorte dos nossos “entes queridos”. Trata-se de um trecho inserido numa unidade mais ampla (1Ts 4,13-5,11). Na primeira parte desta unidade, precisamente objecto da nossa reflexão (1Ts 4,13-18) fala-se da sorte dos que faleceram antes da Parusia, designados com uma metáfora da fé, como “aqueles que dormem”; na segunda parte (5,1-11), fala-se do tema do “Dia do Senhor”, e as consequências para o estilo de vida dos cristãos. O escrito gravita à volta de 3 objectivos: primeiro, combater eventual ignorância dos irmãos (1Ts 4, 13), dotando-lhes portanto, daquela sabedoria que já se insuava na I leitura; segundo objectivo, partilhar a esperança que brota da fé no Ressuscitado (4,14), tendo como pano de fundo, esse é o terceiro objectivo, a consolação de uns aos outros (expresoo em grego da seguinte manera: parakalêite allêlous) com as palavras da fé.
Perante a dor que a morte provoca, o cristão deve primar não pelo acabrunhamento ou desepero, mas pela esperança, sendo, desse modo arauto da esperança.
Evangelho: Mt 25,1-13
Já no final do Evangelho segundo Mt e a caminharmos para o final do ano litúrgico, os temas escatológicos vêm à ribalta. Depois de falar da figueira (Mt 24,32) e do servo prudente (Mt 24,45), Jesus aqui compara o Reino dos céus a dez virgens (caso único em todo o NT). As virgens são divididas em mōrai (insensatas) e outras phronimoi (prudentes) (veja-se aqui a relação deste tema com a sabedoria da primeira leitura e o cambate à ignorância na II leitura). Eloquente é também a relação entre a passagem que estamos a meditar com Mt 7,21-22 onde a exemplo das virgens insensatas, muitos vão gritar “Senhor, senhor” e o Senhor lhes dirá que não lhes conhece pois O Reino dos céus não é para aqueles se limitam a repetir em vão o nome do Senhor mas sim os que praticam a vontade do Pai que está nos céus”(Mt 7,21).
A mensagem deste XXXII Domingo de Tempo comum convida-nos a esperar vigilantes, com fé viva.