Joy of the Gospel

O perdão

Vigésimo Terceiro Domingo do T.C – Ano A

1ª leitura: Ez 33, 1.7-9;
Sal: 94;
2ª leitura: Rm. 13.8-10;
Evangelho: Mt 18, 15-20
Deus é nosso Pai, Somos todos irmãos!!
Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo…

Irmãos e irmãs, comunidade cristã!!
O que nos dizem as leituras da liturgia deste domingo? Qual caminho? Talvez, em teoria, todos nós conheçamos: o caminho do amor; mas qual amor? Vivemos numa realidade que nos decepciona e por isso somos levados a procurar refúgio, consolo, abrigo diante de uma realidade pública que tornou-se insuportável no amor e na alegria de estarmos juntos. Pois bem, não é deste amor que a liturgia nos fala, mas de um amor que abraça a todos. Cada um de nós come, consome o que tem, e o amor deve ser concreto, estamos todos conectados, o que toca a um toca a todos. É necessário unir-se nas coisas e não na teoria.
A primeira leitura é extraída do profeta Ezequiel, que vive exilado na Babilónia, deportado com muitos outros. Ezequiel actua como porta-voz entre Deus que fala e o povo de Israel, ou o indivíduo, a quem comunica a palavra de Deus. como vigilante lembra os ímpios, mas também conforta os desanimados, motiva quem não tem esperança para o futuro. De 597 a 587 a.C, o povo de Israel perdeu a terra, o rei, o templo, parece que Deus de Israel foi derrotado pelo deus da Babilônia. Ezequiel diz-se como uma “sentinela” de guarda, que examina e clama por perigo e ajuda. A salvação da cidade depende do sentinela, pois só ele deve reconhecer o amigo ou o inimigo que surge no horizonte; vigia enquanto todos dormem e sabe que a manhã vem depois da longa noite. Ele sabe que o sol apareceu e que o amanhecer vai nascer. Ele é responsável pelo destino da cidade. Também nós podemos ser sentinelas no ambiente em que vivemos, somos responsáveis pelo destino do nosso mundo, mas será que pensamos nisso? por isso é que amar não é refugiar-se no nosso pequeno círculo. O amor requer responsabilidade concreta. O anúncio do profeta é um anúncio de esperança que convida todos a superar a desconfiança e o desânimo. Ezequiel faz-se porta-voz de um oráculo, cheio de esperança e de purificação do povo dos seus pecados. Ezequiel deve apoiar os exilados para que não abandonem a fé no Senhor. Ezequiel, que viveu no período babilônico, sendo profeta, tem a tarefa, que lhe foi imposta por Deus, de zelar pelos israelitas, para que mantenham a fé.
A carta aos Romanos é o hino ao mandamento do amor como princípio de todas as leis. Nesta carta São Paulo fortalece e lembra a vida do cristão a estar unida a todos os outros cristãos em direção a Jesus Cristo. Ter um relacionamento fraterno entre os cristãos nos permitirá seguir e observar os mandamentos da lei que o Senhor nos deu.
São Mateus no capítulo 18, do santo Evangelho que lemos uma pequena parte, deixa claro que o caminho do amor não é um caminho de triunfo e poder. As vezes queremos sempre nos destacar, ser importantes, ter poder. Este não é o caminho do amor. Jesus afirma que aqueles que na sociedade são ignorados e considerados os mais afastados de Deus são, na realidade, os mais próximos dele, quem ignora os pobres ignora Deus. Jesus nunca nos convida a pedir perdão a Deus, porque Deus perdoa o homem enquanto ainda está pecando, porém, o indivíduo deve tomar consciência do perdão recebido.
Jesus pede um estilo de vida discreto e sincero para corrigir quem cometeu um erro: sem humilhá-lo desnecessariamente, sem julgá-lo com base em boatos, sem condená-lo com sentença irrecorrível. Ela nos delineia um caminho concreto a seguir, passo a passo, com mansidão, se realmente quisermos o bem dos outros. É isso que dá força à censura contra quem comete erros; mesmo quando Jesus diz que precisamos descobrir as relações interpessoais, mas também mostra a verdade da nossa fé, é que existe um Pai. Deus é Pai e todos somos irmãos; este é o código genético da humanidade, é ser filho de Deus; esta é a nossa condição: todos filhos, todos irmãos. Este mesmo capítulo fala do escândalo dos pequenos. Quem é esse pequenino? Antes de tudo é o discípulo, agora é também o irmão pecador. O “pequenino” deve ser acolhido porque através dele Jesus e o Pai são acolhidos. Por isso, o ligar e desligar, a relação entre o céu e a terra existe uma verdadeira correspondência entre o céu e a terra.
Por isso, é que estar reunidos em nome do Senhor é uma acção do Céu porque os dois ou três foram reunidos em nome do Senhor e esta é a obra do Espírito Santo, o vínculo entre Pai e Filho, o seu êxtase. É a obra e a presença do Espírito.
Amar é assumir responsabilidade pela outra pessoa; ame-o em sua totalidade, tome-o e ofereça-se a ele no dia a dia, busquem juntos a felicidade. Então ame com o coração e com a cabeça. Torne seu carinho real. Para isso precisamos sentir-nos amados por Deus e imitá-lo no seu gesto, porque ele encheu o nosso coração. Primeiro precisamos encontrar o equilíbrio no amor por mim, precisamos acolher minhas fraquezas sem vergonha, colocá-las nas mãos de Deus com abandono como filhos. Fé é amar uma pessoa, o amor leva a uma mudança de vida. É necessário levar a sério também a sorte dos irmãos, sem nos esconder atrás de um respeito que não ajuda e desafia e deixa o irmão na sua própria inquietação. O perdão, humanamente falando, é a coisa mais difícil.
Concluindo, o exercício do Amor é a correcção e para corrigir o outro, também nós devemos sentir-nos pecadores, perdoados por Deus, aproximar-nos dos outros com humildade e delicadeza. A correção fraterna, na mesma lógica que a comunidade cristã, se propõe (ou deveria se propor) como princípio básico do perdão, Deus nos perdoa todos os dias, através da misericórdia, da oração e do amor. Na Igreja, quem é humilde, disponível e inclinado para com o próximo poderá ser perdoado porque sabe que terá o perdão de Deus.
Exercício da semana para reflectir todos os dias: sabemos perdoar e temos atitudes de perdão ou pensamos que o perdão é automático?
Desejo a todos e a todas um abençoado final de semana… Um abraço
Ir. Pe. Alberto Sissimo, psdp