XV Domingo do T. Comum, 16 de Julho de 2023
Abramos o nosso coração à Palavra de Deus que faz germinar uma nova humanidade
Caríssimos irmãos e irmãs no Senhor,
Estamos a celebrar o XV Domingo do T.C, numa época em que os jovens católicos de todo mundo são convidados a participar da Jornada Mundial da Juventude a realizar-se em Lisboa em Agosto deste ano.
A primeira leitura extraída do livro de Isaías (Is 55,10-11), o profeta recorda-nos que a palavra que liberta e que dá vida é a Palavra de Deus. Ela é eficaz e criadora. A chuva faz a terra produzir. Assim também a Palavra de Deus que sai da sua boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a sua vontade, sem ter realizado a sua missão. A Palavra de Deus é a própria essência de Deus que age nos acontecimentos humanos, que penetra na história humana, transformando tudo em libertação e vida. Com muita frequência, as palavras humanas são vãs e inconstantes. Nem sempre comprometem quem as pronuncia e, mesmo quando são verídicas, poucas vezes resistem à prova do tempo. Mas, Deus que é verdade e vida, na plenitude dos tempos, “a Palavra se fez homem e habitou entre nós”, revelando a divina misericórdia de Deus.
O Salmo 64 (65) é um hino de louvor, de acção de graças do povo judeu. A imagem da fecundidade da água e da vida exuberante, que espalha à sua volta, faz com que este salmo tenha sido interpretado como um hino baptismal. Pela água do Baptismo recebemos a vida divina e a fecundidade das boas obras. Este salmo tem também um certo sabor eucarístico. Na Igreja, o Senhor sacia-nos com o “trigo” da Eucaristia e com a sua Palavra.
Na segunda leitura (Rom 8, 18-23), São Paulo orienta a comunidade romana que se interrogava sobre a crise e o sofrimento que os assolavam, uma vez que eram crentes. Paulo diz-lhes que a crise e o sofrimento não têm a última palavra. Todavia, a filiação divina e a vida no Espírito não dispensam o cristão de viver em contínua luta pela vida da graça, pela transformação e libertação definitivas alcançada pela fé em Cristo ressuscitado. Esse processo libertador manifesta-se também na própria criação que aguarda a revelação dos filhos e filhas de Deus, no fim dos tempos.
Já o santo Evangelho de São Mateus (Mt 13, 1-23), hoje nos apresenta a parábola do semeador. Jesus, o trigo que Deus semeou no seio de Maria, já explicou tudo, porque nos coloca na condição de ouvintes da Palavra de Deus, a fim de sermos boa semente que produz fruto abundante.
Sabemos que o fruto vem da semente, a árvore vem da semente; ninguém nasce pronto, nenhum fruto nasce pronto, mas tem de obedecer às regras da natureza, tem de levar tempo da sementeira e tempo de colheita. Assim também nós nos tornamos o que somos hoje, graças a ajuda, o apoio, a paciência de outras pessoas que semearam a Palavra de Deus em nós. Essas pessoas, são os catequistas, formadores ou formadoras, a nossa família e os amigos e amigas que rezam por nós, confiam em nós, nos defendem para sermos boa semente que ora dá cem, sessenta ou trinta, mas nunca ficar sem produzir bons frutos.
A Palavra de Deus é essa semente que faz germinar uma nova humanidade, transformada, renovada e curada, porque a mesma Palavra germinou no nosso coração. O nosso terreno, que é o coração, deve estar aberto à escuta da Palavra, para que nada possa impedir a germinação e o crescimento dela na comunidade onde vivemos ou trabalhamos, a fim de conquistarmos mais crentes para a “seara do Senhor”.
Que Deus conceda à sua Igreja frutos abundantes para o crescimento e fortalecimento dos seus filhos e filhas. Ámen.
Pe. Correia Hilário