XXXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO
2Sam 5, 1-3 Col 1, 12-20 Lc 23, 35-43
Prezados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo, Rei do Universo! Hoje celebramos o XXXIV Domingo do Tempo Comum-C «SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO.
A Liturgia da Palavra deste Domingo convida-nos a meditar sobre o A realeza de Jesus. Este tema está bem evidenciado nas Leituras que acabamos de escutar. Na primeira leitura a realeza de Jesus é personificada em David: «Tu apascentarás o meu povo de Israel e serás o seu chefe. […] David fez com eles uma aliança diante do Senhor e eles sagraram-no rei de Israel» (2Sm 5, 2-3). Na Segunda Leitura São Paulo exprime com clareza lapidar a realeza de Jesus ao afirmar que todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Ele é anterior a todas as coisas e todas as coisas subsistem nele» (Col 1,15-17). No Evangelho Lucas afirma nitidamente: «Este é o Rei dos judeus» (Lc 23, 38). Para reflectirmos melhor o nosso tema, gostaríamos de partilhar convosco duas ideias fundamentais: o Rei que governa e o servo governado.
O Rei que governa: A perícope Lucana sobre a realeza de Jesus situa-se no contexto da crucifixão: «quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. E Jesus dizia: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem»(Lc 23, 33-34). O Rei que governa é o Rei do Universo, O Filho de Deus ( Mc 15, 39). Um Rei cujo trono reside na Cruz. Jesus Cristo, Rei do universo é um Rei que ao ser entronizado no seu trono levou unicamente um ponto do seu programa de governação: o amor! Todavia foi recebido com hostilidade, humilhado pelos líderes religiosos, pelos soldados e até por um criminoso; é um Rei fraco, indefeso, desprezível, desfigurado, objecto jocoso, de quem todos zombam e escarnecem. Não é um rei aterrorizador e aniquilador do seu povo, dos seus servos. Ele é um rei cuja realeza, cuja potência, cuja força é dominada pelo perdão, reconciliação, comunhão, paz e amor. Um amor que não exclui ninguém, acolhe, um amor de braços abertos na cruz que abraça a todos, daí, Rei do universo. Ele é um Rei que ama o seu povo, um Pastor que ama as suas ovelhas, doa-se a elas, ele próprio as apascenta pessoalmente, não delega ninguém como diz Ezequiel: «eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e me interessarei por elas» (Ez 34, 11); Ele preocupa-se com o seu rebanho, cuida das ovelhas de modo personalizado, apascenta todas sem descriminação. O nosso Rei é autêntico, vive com o seu povo, sente o sofrimento do seu povo. Não é um Rei que usa o poder e o lugar que ocupa para se enriquecer à custa do seu povo, para se servir do povo, insensível, egoísta e indiferente como acontece com muitos reis do nosso tempo. Ele tem um olhar compassivo, se apercebe rapidamente das necessidades do seu povo e procura dar respostas às suas necessidades básicas sem as quais a vida é impossível. Numa palavra, o nosso Rei é rei da vida, do amor e nos dá a vida. Luta pela nossa dignidade. Este é o Rei de Israel, dos Judeus. Este é o nosso Rei, o meu Rei. Fora deste não há outro e se houver, não devemos segui-lo, é falso.
O Servo governado: caríssimos irmãos, o servo governado é o povo do Senhor, somos todos nós. A atitude que o servo deve tomar é a de súplica: pedir que o Rei reine sobre si; que o seu reino se estabeleça quanto antes na sua vida: «venha nós o vosso reino» (Mt 19…). Esta súplica deve ser de carácter urgente porque é fonte de felicidade, de segurança, de bem-estar e de salvação. Onde está escrito, está o reino; Cristo é a única fonte de felicidade e de realização do homem: «Ele é anterior a todas as coisas e todas as coisas subsistem n’Ele» (Col 1, 17). Ele garante-nos: «hoje mesmo estarás comigo no reino dos céus». Sem a presença deste rei, a vida do servo desvanece, pois o servo se torna como ovelha sem pastor (Cfr. Mt 9, 36). Para que o servo (povo) seja realmente feliz, deve abrir-se ao Rei e tomar ainda duas atitudes que consistem em servir o Rei e ser como Ele.
Servir o Senhor: quem se identifica como servo de um Senhor, deve servir o seu Senhor e unicamente o seu Senhor. O cristão é um servo de Cristo, deve servir unicamente a Cristo, Rei da glória. No credo nós professamos: «Creio em um só Senhor Jesus Cristo». Um só e não outro! Este é o único nosso Rei a quem devemos servir: um Rei que ama, que se interessa com o seu povo, cuida de nós e protege-nos. Só a ele devemos servir em todas as circunstancias da nossa vida. Devemos deixar que Ele reine de verdade na nossa vida. Meus irmãos e irmãs, será que nós deixamos o nosso rei reinar na nossa vida? Será que nós servimos um único rei? Quando temos problemas, não fugimos às escondidas do Palácio do Rei bom, para ir a procura de outros reis, supostamente melhores que o nosso rei? O que tem acontecido quando temos doenças e tormentos na nossa vida? Não temos ido aos reis que prometem riqueza e vida, mas depois nos dão pobreza e morte? Irmãos, sirvamos só este Rei Verdadeiro, porque os outros reis são mentirosos, aproveitadores, usurpadores, exploradores do povo: esmagam o povo. Se encontrarem um rei que não é e não age como Jesus, não o sigamos: são lobos com pele de cordeiro.
Ser como o Rei: «O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu Senhor. Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo ser como o Senhor» (Mt 10, 24-25). O nosso Rei quer que nós, seus servos, sejamos e ajamos como Ele. Eu, teu Senhor, amo e tu, meu servo, deves ser como eu: perdoe, reconcilia-te com o teu irmão ou irmã, ame como eu amei de modo desinteressado, acolha a todos sem distinção, interessa-te pelos outros, preocupa-te com as necessidades dos teus irmãos, proteja, cuide, defenda-os das injustiças. Estas são as condições que o Rei apresenta para que sejamos verdadeiramente seus servos. Não temos outra escolha. Quem escolher ser diferente do Rei, jamais ouvirá estas Palavras do Rei ressoarem nos seus ouvidos: «hoje estarás comigo no paraíso» (Lc 23, 43).
Em muitas partes, como em Angola, hoje se celebra nesta Solenidade a festa da Juventude católica. Os jovens, mais do que ninguém, são chamados a servir o seu Rei, a ser como Ele e a agir como Ele. O jovem deverá, na sua vida, procurar seguir o Rei, confiar n’Ele e encontrar n’Ele o fundamento, a razão última do seu viver. Pois sem Ele, a vida do jovem não tem sabor nem sentido. Os jovens devem saber fazer escolhas acertadas na vida: isso só será possível, se em todas as suas escolhas e tomadas de decisão consultar Jesus Cristo, o Rei da Juventude. «Sem mim nada podeis fazer, Jovens, diz o Senhor» (Jo 15,5), São Paulo disse na segunda Leitura: «todas as coisas subsistem n’Ele» (Col 1, 17). Jovem, tu só subsistirás enquanto estiveres enraizado n’Ele. Que seja Ele a satisfazer todos os teus anseios. Jovem, não faça nada sem o teu Rei, para que sejas feliz. Use a tua fantasia juvenil como o teu Rei para que socorras os outros jovens que sofrem ou passam qualquer necessidade.
Meus irmãos e minhas irmãs, devemos nos perguntar: que tipo de escolhas eu faço na minha vida? Na minha vida tenho feito esforço de servir a um só Rei ou procuro outros reis? Tenho procurado ser como o meu Rei? Perdoo, amo como Ele, cuido dos meus irmãos como o rei me ensinou? Tenho consciência de que tudo o que faço ao meu próximo, o faço ao meu rei? Tenho dado atenção aos mais necessitados? Que gestos de amor manifesto no meu dia a dia? Neste tempo de (pós) Pandemia, em que muitos irmãos perderam emprego, tenho sido solidário? Jesus nos julgará por falta de amor, por não termos amado os outros. O cristão é aquele que se deixa guiar pelo amor. Quando falta o amor, comete um pecado grave. Quem não ama, mata. Procuremos amar. Procuremos servir o nosso rei e ser como Ele: pastor e rei de amor, de paz, de perdão, de reconciliação e de justiça. Que a prepotência, a arrogância, a indiferença e o egoísmo não reinem na nossa vida. Deixemos que o Rei universal reine na nossa vida para que O sirvamos só a Ele, sejamos e ajamos como Ele. Que Maria Santíssima, nossa boa Mãe, interceda por nós para que sejamos como seu Filho Jesus Cristo, Rei do universo.