P. Jeremias Dos Santos Moisés
SENHOR NOSSO DEUS,
COMO SOIS GRANDE EM TODA A TERRA! (Sl 8,2)
A liturgia deste Domingo nos conduz ao coração de Deus, à sua realidade íntima e profunda, inatingível e inesgotável. Nos conduz ao mistério do Ser de Deus, daquele Deus que já se definiu como “Aquele que é” (Ex 3,14).
Quem é o nosso Deus? Qual o seu nome? Como defini-lo?
As leituras e toda a celebração deste Domingo nos esboçam uma resposta tão antiga e sempre nova: Deus é Trindade, ou melhor, falar de Deus é falar da Santíssima Trindade, de um Deus em três Pessoas divinas.
Com efeito, o Evangelho (ideia presente também na Segunda Leitura) nos apresenta Jesus que anuncia a vinda do Espírito, não como a passagem de um vento ou uma simples força, mas como Alguém que vem para ensinar, esclarecer, guiar… Não se trata, portanto, de algo, mas de uma Pessoa, continuadora e em comunhão plena com Jesus e com Deus Pai.
E quem nos fala desta realidade profunda de Deus, não é um simples enviado, mas Alguém que faz parte desta realidade, “desde toda a eternidade”, como nos indica a Primeira Leitura, falando da Sabedoria de Deus, criadora e preexistente, na qual os Padres da Igreja, desde S. Justino, viram Jesus Cristo, o Verbo eterno de Deus, também ele criador de todas as coisas, como encontramos descrito no prólogo ao Quarto Evangelho (Jo 1).
Entretanto, a Trindade não é uma realidade fechada, antes é um amor que se transborda: já desde o início pela criação, Deus comunica vida às criaturas; mas não só. A própria Sabedoria afirma que se deliciava “estando entre os humanos”. E na segunda Leitura nos é dito que o “amor de Deus foi derramado em nós” pela comunicação do Espírito Santo.
Por isso, a Santíssima Trindade, além de ser perfeita harmonia, amor total, é também dom total à humanidade e um convite contínuo a viver neste abertura que plenifica.
Inspirados pela Trindade, somos convidados a entrar nesta comunhão com este Deus que nos envolve e ao mesmo tempo estender as mãos e o coração aos nossos irmãos, deliciando-nos também por estar em comunidades de amor que se tornam um prolongamento da vida trinitária: assim deve ser cada família, cada comunidade cristã, cada lugar onde existem “filhos dos homens”, imagens e semelhança do Deus que é comunhão de amor.
Senhor nosso Deus, como sois grande em toda terra! (Sl 8)