De Pe. Jeremias dos Santos Moisés a partir de Mozambique
Bem-aventurados vós, os pobres,
porque é vosso o reino de Deus
A liturgia deste VI Domingo do Tempo Comum (Ano C) traz-nos um contraste habitual na história bíblica: os que são felizes e os que são malditos; os destinados à vida e aqueles destinados à morte; os que estão no bom caminho e os que se encontram perdidos.
O Senhor nos deixa claro, com o seu olhar omnipresente, infinito e sábio, quem se pode considerar abençoado; o que está bem na vida, com razões para sorrir, bem como quem se deve preocupar com a sua situação e chamado a mudar de rumo.
Através de várias bem-aventuranças, o acento fica na carência ou na abundância. São felizes os pobres, os famintos, os que choram ou sofrem perseguição. Ou seja, nos devemos sentir bem na nossa situação de carentes. A nossa pobreza, a nossa fome, sede, sofrimento, nos aproximam de Deus.
A situação de carência se torna bem-aventurada por levar-nos a esperar e por a nossa confiança no Senhor e na sua Palavra, como nos asseguram a Primeira Leitura e o Salmo.
Por outro lado, a abundância de bens e conforto material nos afastam de Deus na medida em que pomos a nossa confiança nos bens e nas pessoas, tornando-nos de certo modo idólatras e de certo modo ímpios, pois já foi sentenciado: “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”.
E a carência, o despojamento, não dá apenas uma esperança de felicidade terrena, ela nos abre para a eterna felicidade, na medida em que nos unimos a Cristo que se aniquilou a si mesmo e por fim venceu a morte e agora vive para sempre. Quem se une a Cristo na sua opção de vida se une também a Ele no seu destino e obtém a garantia da vida sem fim, através da ressurreição que Ele prometeu a quem acredita n’Ele.
Num mundo que busca desenfreadamente por “prosperidade”, por mais e mais dinheiro, por luxo sem fim, a Palavra do Senhor nos vem deixar claro que estamos muito enganados. Precisamos de mudar de rumo. A felicidade está no outro sentido. O Caminho para o Reino de Deus se faz tomando a cruz e seguindo Cristo obediente e pobre, manso e humilde de coração.
Estaremos prontos a mudar de rota e escutar o Senhor?
Bem-aventurado quem já se encontra percorrendo este caminho de vida!
Felizes os pobres! De ontem, de hoje e de amanhã. Pois deles é o Reino dos Céus!